Uma coisa pela outra

Um dia desses conversávamos com um menino de uns onze ou doze anos, frequentador das atividades de evangelização do Centro Espírita Francisco Cândido Xavier, em São José do Rio Preto, São Paulo, a respeito da obediência às Leis humanas e das consequências decorrentes das transgressões a elas. Quando, então, dissemos que até mesmo uma criança como ele poderia ser alcançada e levada até a presença das autoridades competentes em caso de desrespeito às leis. Imediatamente ele nos disse que não haveria problema porque no máximo no outro dia estaria livre, exatamente por ser criança.

Causou-nos surpresa a resposta porque percebemos que havia nele um mínimo conhecimento da lei e também um sentimento de que a vida é assim mesmo. Tanto faz andar certo ou errado, mas sim o que convém do momento, vivendo a vida que se apresenta de acordo com os interesses imediatos.

Habituado a uma vida difícil, sem pai conhecido, com muita carência material e convivendo em um meio social difícil e perigoso, ele não consegue visualizar o futuro e, portanto, não consegue ter um norte na vida em termos de objetivos e valores existenciais positivos.

Paralelo a isso temos visto nele certo progresso, conquistado através das aulas de evangelização, onde recebe carinho, respeito, conselhos e também algumas broncas, sempre na medida certa.

Facilmente se percebe que a educação do espírito é necessidade de primeira hora e que todos nós temos condições de se modificar, independente do meio onde se nasceu e vive.

Todos nós trazemos para esta vida as tendências, aptidões e viciações alimentadas e desenvolvidas desde outras reencarnações, e reencarnamos no meio social que necessitamos para progredir.

Como explica a Doutrina Espírita, uma das obrigações naturais dos que avançam é socorrer os atrasados, e os espíritos superiores que vem reencarnando em nosso planeta dão provas disso. Todos nós temos, enquanto participantes da sociedade humana, a obrigação de socorrer e direcionar os membros dessa sociedade que não tem um mínimo de condições de fazer por si só.

Todos nós podemos fazer algo a respeito, e as consequências positivas atingem a todos, os socorridos terão uma vida melhor e, portanto, mais produtiva em todos os sentidos, distanciados das penalidades legais por não infringirem a lei, e os que socorrem terão a oportunidade de viver em uma sociedade menos violenta e injusta, portanto mais tranquila.

É uma coisa pela outra.

Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro

Nota do editor:
Imagem em destaque disponível em <http://cesariopinto.blogspot.com.br/2009/02/ser-santo-segundo-jesus-e-ser-livre.html>. Acesso em: 20MAI2015.

Originally posted 2015-05-21 22:36:21.