A Traição é a Escolha mais Covarde que Existe

Aquele que traiu jamais terá a noção exata do buraco gigante que cavou no peito do outro.

Ser traído é ter a confiança roubada pelas costas. É ter a inteligência subestimada e a autoestima picada em minúsculos pedacinhos.

A dor da traição é extremamente complexa, porque quebra os alicerces sobre os quais foi construída a relação. O interior daquele que foi traído jamais voltará a ser igual.

Ser enganado altera a capacidade de interpretar os sentimentos. Ficamos frágeis, confusos, temos dificuldades em discernir o que é real, do que é ilusão destruída.

E dói. Dói por inúmeras razões. Dói porque é desnecessário, dói porque diminui a importância da história partilhada, dói porque não há nada que justifique a quebra de confiança.

A traição é a mais covarde das escolhas. É a opção pelo caminho mais fácil. É arrastar para dentro de um buraco o que deveria ser honrado e ter valor.

No fim das contas o melhor que se pode fazer é deixar que a ferida cicatrize em paz. Seguir em frente e deixar que o outro descubra por si mesmo que havia outra escolha, ele só não foi capaz de fazê-la.

E depois disso, depois de ter sido capaz de desenhar um definitivo ponto final nessa história, é necessário projetar para si mesmo um modelo mais saudável de relação, no qual o compromisso seja partilhado, assumido e respeitado por todos os envolvidos.

Porque errar na escolha do parceiro uma vez é humano, persistir na escolha errada é falta de amor próprio.

No casamento as pessoas não mudam, elas apenas se revelam!

E por isso é tão importante conhecer a pessoa com quem você se casa.(1)

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Uma das principais causas do divórcio no Brasil é a infidelidade.

Conquanto muitas pessoas aleguem que a infidelidade em nada alterou sua relação com o cônjuge, a verdade é que tal prática desgasta o relacionamento diminuindo o interesse pelo parceiro. O cônjuge infiel desliga-se paulatinamente do outro e a relação se deteriora.

No Brasil ocorrem 1.200 separações por dia (dados do IBGE de 2014: 950 casamentos em cartório e 250 uniões estáveis) e não é por acaso que a traição é a segunda causa de divórcio.

Do ponto de vista espiritual o cônjuge infiel reata antigas ligações conflituosas com seus adversários espirituais (de outras vidas), que vendo sua atitude – que muitas vezes apenas é uma repetição do que já fez no passado – se reaproximam para vingar-se e “destruí-lo”.  A infidelidade se torna a porta aberta para a obsessão destruidora.

Ademais, o adultério gera novos comprometimentos: espíritos infelizes ligados ao sexo e prazeres se aproximam para se locupletarem das comunhões sexuais clandestinas. Numa relação adúltera é inevitável que sejam atraídos por nós espíritos que se afinizam com essa prática.

Nosso objetivo não é julgar ou repreender quem quer que seja. Em matéria de sexo e afetividade somos todos devedores, como claramente nos esclarece Emmanuel.(2)

O objetivo é elaborar, à luz do conhecimento que a Doutrina Espírita nos oferece, algumas considerações para que estejamos cientes das inevitáveis consequências.

Todos somos livres para desejar, escolher, fazer e obter, mas todos somos também constrangidos a colher os resultados de nossas próprias ações.

“O sexo é energia sagrada, é criação de Deus que nos concedeu o poder de criar, pois somos Sua imagem e semelhança. O sexo equilibrado é manifestação de amor, e eleva o espírito a Deus.

Mas o sexo em desequilíbrio pode ser motivo de queda e destruição.

Deus não nos castiga, não há crime ou pecado. Há desgaste espiritual, há desperdício de forças criadoras, há desrespeito com o amor”.(3)

Por fim, reproduzimos as palavras de Emmanuel a respeito:

Quando as obrigações mútuas não são respeitadas no ajuste, a comunhão sexual injuriada ou perfidamente interrompida costuma gerar dolorosas repercussões na consciência, estabelecendo problemas cármicos de solução, por vezes, muito difícil, porquanto ninguém fere alguém sem ferir a si mesmo. (2)

Fernando Rossit

Referências e transcrições:

(1) Ana Macarini-http://jafoste.net

(2)Vida e Sexo-Emmanuel/Chico Xavier-Capítulo 7

(3) Morel Felipe Wilkon/http://www.espiritoimortal.com.br