Temos nos preparado para nosso retorno ao Plano Espiritual?

Transcrevemos abaixo, sequencialmente, cinco perguntas de O Livro dos Espíritos, e suas respectivas respostas, para desenvolvermos pequeno raciocínio sobre o desprendimento. Os destaques em negrito são nossos.

22 a- Que definição podeis dar da matéria?

– A matéria é o laço que prende o Espírito; é o instrumento de que ele se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação.

* De acordo com essa ideia, pode-se dizer que a matéria é o agente, o intermediário, com a ajuda do qual, e sobre o qual, atua o Espírito. (AK) 

76- Que definição se pode dar dos Espíritos?

– Pode-se dizer que os Espíritos são os seres inteligentes da Criação. Eles povoam o universo, fora do mundo material.

84- Os Espíritos constituem um mundo à parte, fora daquele que vemos?

– Sim, o mundo dos Espíritos ou das inteligências incorpóreas.

85- Qual dos dois é o principal na ordem das coisas: o mundo espiritual ou o mundo corporal?

O mundo espiritual, que preexiste e sobrevive a tudo.

132- Qual é o objetivo da encarnação dos Espíritos?

– A Lei de Deus lhes impõe a encarnação com o objetivo de fazê-los chegar à perfeição. Para uns é uma expiação; para outros é uma missão. Mas, para chegar a essa perfeição, devem sofrer todas as tribulações da existência corporal: é a expiação. A encarnação tem também um outro objetivo: dar ao Espírito condições de cumprir sua parte na obra da criação. Para realizá-la é que, em cada mundo, toma um corpo em harmonia com a matéria essencial desse mundo para executar aí, sob esse ponto de vista, as determinações de Deus, de modo que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.

Independentemente de nossas experiências pessoais e convicções, é de fácil dedução que somos seres espirituais de passagem pela vida corporal, e esta engloba, além da necessidade de habitarmos temporariamente um corpo físico, lidarmos com a matéria nos seus mais diversos aspectos, a começar pela própria manutenção e preservação do corpo.

Em função das nossas atuais condições encarnatórias, temos que lidar com o comércio das coisas materiais, consequentemente com a posse delas, e também convivermos com outros espíritos encarnados, alguns dos quais fornecemos a matéria para seus copos físicos através da paternidade.

Não é difícil observarmos o quanto somos apegados à matéria. É só observarmos o quanto falamos “é meu” ou “é minha”, e quanto nos orgulhamos de ostentá-las, e quão difícil é abrirmos mão do que está conosco.E, ainda, com que zelo cuidamos do que é material, a ponto de sua perda causar-nos sofrimentos profundos, psíquica e emocionalmente.

Diante disso, podemos nos questionar:

Admitindo que, temos mérito para tanto, estamos preparados para deixar nossas residências, que com muito suor conseguimos e preparamos para nos atender, para habitarmos, por empréstimo, um quarto simples nas esferas espirituais mais acima do plano atual?

Estamos preparados para deixarmos nosso carro, principalmente aquele que foi objeto de sonho de consumo, e outros meios de transporte que nos emocionam?

Estamos dispostos a deixar aquele guarda-roupa abarrotado de vestimentas e calçados, junto aos quais se encontram alguns mais surrados, que teimamos em não passar para frente, porque um dia ainda poderão ser úteis?

Estamos preparados para o distanciamento físico daqueles que são “nossos”, seguindo nossas necessidades espirituais deixando-os seguirem as deles?

E o que dizer da alimentação? Alterar nosso cardápio para “caldos” diários será facilmente tolerável?

E a posição social e profissional?

Por último, o que temos feito para nos preparar para o retorno ao mundo incorpóreo?

Bem, já temos muito no que meditar. Vamos parar por aqui, porque desnecessário é dizer que isso tudo é o que vai nos acontecer, mais cedo ou mais tarde, como já experimentamos inúmeras vezes, para não dizermos milhares.

Pensemos nisso.

Antonio Carlos Navarro