Quebrando tabus para abordar suicídio

Entrevista com ANTONIO CARLOS BRAGA DOS SANTOS

Abordagem sobre suicídio sem tabus

Tema é tratado abertamente visando sensibilizar

Orson Peter Carrara – orsonpeter92@gmail.com

Antonio Carlos é espírita há 30 anos, nasceu e reside na capital paulista, é economista e vincula-se à Aliança Espírita Evangélica, onde atua como dirigente de grupos mediúnicos e em atividades de assistência espiritual. Integra igualmente o Conselho diretor do conhecido CVV. Sensibilizado por capítulo específico do livro Memórias de Um Suicida (edição FEB) e especialmente pelo grande flagelo social do suicídio, organizou a cartilha SUICÍDIO – UMA EPIDEMIA SILENCIOSA (de distribuição gratuita e disponível para download), com apoio de várias entidades e impresso pela IDE EDITORA, que estimula os grupos espíritas a organizarem equipes de vibrações pelos suicidas por meio do GAES – Grupo de Auxílio aos Espíritos em Sofrimento, iniciativa que pode ser implantada por vários grupos. Acompanhe as respostas à entrevista.

 

1 – Como surgiu a ideia de uma cartilha?

Relendo o livro Memórias de um Suicida em especial o capitulo VI – Comunhão com o Alto, tomamos relembramos do esforço das equipes espirituais no socorro aos espíritos em sofrimento, vítimas de mortes violentas, em especial o suicídio e chama a atenção a necessidade do auxílio dos encarnados no processo, isso em razão da energia que somente o encarnado é possuído. Refletindo que, se os desencarnes por suicídio que já era uma grande preocupação no início do século XX quando foi psicografado, onde a população na terra era de cerca de 2 bilhões de espíritos, Imaginamos nos dias atuais, início do século XXI com mais de 7 bilhões, com quase 1 milhão de suicídios por ano? Se lembrarmos que o censo no mundo espiritual é cumulativo, não reinicia a contagem a cada ano como contabilizamos as mortes em nossas estatísticas.

Fica claro assim concluir que é urgente alertarmos os espíritas para o fato, convocar aos trabalho de auxilio, em especial nesses momentos de transição planetária.

 

2 – E o surgimento do GAES como se deu?

Logo após as reflexões acima, ao dividirmos com os amigos de um pequeno grupo mediúnico a proposta de trabalho percebemos que o relato da Comunhão com o Alto continua mais atual que nunca. Criamos a sigla GAES – Grupo de Auxílio aos Espíritos em Sofrimento para denominar nosso grupo de trabalho e todos os demais grupos que se disponham a realizar semelhante trabalho. Assim, estamos sugerindo que todos os grupos que se reúnam para a tarefa possam, caso queiram, assim se denominar. Hoje já acompanhamos três grupos congêneres e temos mantido contato com outros que estão se organizando para iniciar a tarefa. De forma simples e singela, pequenos grupos espalhados nos mais diferentes pontos, formarão pequenos focos de luz, como estrelas do céu, para somar ao intenso trabalho da Legião dos Servos de Maria e iluminar as milhares de almas em sofrimento no astral próximo da terra.

 

3 – Na experiência de prevenção com pessoas no caminho do suicídio, o que gostaria de relatar?

Primeiro o tema suicídio precisa sair das sobras, precisa da luz do esclarecimento, retirarmos o medo e o tabu. Precisamos falar abertamente sobre o assunto. O CVV é a referência no Brasil, seu trabalho precisa ser divulgado, seu conhecimento de mais de 50 anos de experiência precisa ser difundido. A prevenção começa com o esclarecimento. Há 20 anos não falávamos “Câncer” mas “aquela doença”. Uma intensa campanha de prevenção ao câncer de mama tomou conta do Brasil e do Mundo. Foi esclarecido que câncer de mama pode ser identificado e tratado.

O mesmo precisa ser feito com o suicídio. Não é uma doença, mas 90% das pessoas que cometem suicídio estão vivendo um transtorno mental sendo a depressão o de maior prevalência. Por isso que a OMS fala que a suicídio é um questão de saúde pública e pode ser prevenido.

 

4 – E no atendimento aos espíritos que exterminaram a própria vida, o que mais lhe chama atenção?

O sofrimento emocional que viviam antes do ato se soma agora ao tormento por não entender o estado em que se encontram, tiraram a própria vida, mas continuam vivos. Estão atordoados, anestesiados, impossibilitados de até perceber a ajuda dos irmãos espirituais em seu favor. Nos chamou a atenção que não são somente os espíritos de suicidas a serem socorridos, mas todos aqueles vítimas de mortes violentas. Acidentes, catástrofes, homicídios, guerras e conflitos. São milhões de almas em desespero, dor e sofrimento.

 

5 – Quais as repercussões após a publicação do documento?

As cartilhas estão começando a ser distribuídas gratuitamente agora, são 15 mil cartilhas. O apoio que recebemos de todos com que conversamos demostra a sensibilidade ao tema. Em especial o apoio da IDE, sem o que não seria possível essa cartilha.

 

6 – Com apenas 32 páginas o que a cartilha contém em essência?

A explicação do problema do suicídio no Brasil e no Mundo. Esclarece sobre o suicídio buscando quebrar tabus, falando abertamente sobre o assunto. Explica o que podemos fazer por aqueles que já cometeram o suicídio e orienta sobre como organizar um trabalho de assistência e socorro espiritual. Traz algumas mensagens espirituais sobre o tema e reproduzimos alguns parágrafos do capitulo VI do livro Memórias de um suicida que inspirou o trabalho. Ao final algumas referências e orientações de leitura e pesquisa sobre o tema.  Tudo muito simples, com 20 minutos de leitura é possível ter uma boa noção do problema e como ajudar.

Vale destacar o prefacio da cartilha do jornalista André Trigueiro que resume de forma clara e objetiva a proposta da cartilha. Seu livro lançado em setembro do ano passado, Viver é a Melhor Opção já chegou a 35 mil exemplares. Isso demostra como o tema pode ser abordado sem preconceitos, com respeito e muito carinho.

 

7 – Aos interessados em implantar ou aprimorar o trabalho, como fazer?

A leitura da cartilha pelo grupo e sua discussão é o primeiro passo. Ler o capítulo VI da obra citada é fundamental (Memórias de um Suicida). Se ainda restar dúvidas, temos um e-mail para trocarmos experiências. A cartilha também tem Download gratuito pela rede social do facebook/apoio.gaes

 

8 – E quais os contatos para maiores esclarecimentos?

E-mail: apoio.gaes@gmail.com

Download gratuito: facebook/apoio.gaes

 

9 – Algo marcante que gostaria de destacar?

Ver FEB, Aliança, USE e AME Brasil juntas dando seu apoio é emocionante. O trabalho nos une, e temos muito trabalho pela frente. Outras instituições com certeza teriam aceitado auxiliar na divulgação, a falha foi nossa de não procura-las em razão da urgência de sua edição e por isso nos desculpamos com aquelas que não contatamos, mas estamos apenas no início, na semeadura. Temos muito ainda por fazer e muitos podem ajudar.

Tentaremos relatar a seguir as primeiras experiências no socorro espiritual;

Percebemos a presença da Legião dos Servos de Maria e a equipe das anciãs que cuidam mais diretamente dos suicidas. A proteção do ambiente era feita pela Fraternidade de Joana D`Arc. Os espíritos eram trazidos em grupos, na medida que os médiuns iam relatando as percepções o dirigente do trabalho projetava quadros mentais e pedia a doação de energias revigorantes, fluidos calmantes. As feridas eram tratadas pelos enfermeiros. Aqueles com pensamentos atormentados tinham suas lembranças acalmadas. Doação e amor invadia o ambiente projetada dos corações dos participantes do trabalho. Após receberem as adoções de energias iam sendo encaminhados. Como um grande acampamento, com tendas espalhadas eles iam sendo cuidados e encaminhados, agrupados por semelhança de necessidades. Trinta minutos de intenso trabalho de doação das energias que somente os encarnados são possuidores são a matéria prima utilizada pelas equipes de assistência. Nesses poucos minutos nosso ambiente se transforma em um verdadeiro posto de socorro.

 

10 – Suas palavras finais.
Há um movimento chamado setembro amarelo, mês dedicado a prevenção do suicídio. Quem sabe os grupos e casas espíritas entram nesse movimento, todos com camisetas amarelas, balões, iluminando monumentos públicos, edifícios, casas, a noite, todos iluminados de amarelo. Quem sabe um seminário sobre o tema sem setembro, reunindo os GAES que se formarão.

Não podemos esquecer que o suicídio é um problema Mundial. Só na Índia são 260 mil suicídios por ano. Mas em termos de mortes violentas não podemos considerar um censo anual, mas acumulado ano a ano. Por essa razão as esferas próximas à Terra acumulam milhões em sofrimento. Devemos pensar também em convocar os grupos espiritas para a tarefa em outros Países, mas sem esquecermos ser o Brasil a nação que reúne o maior contingente de médiuns com o devido esclarecimento e preparo, suponho que do planeta. Nos parece assim, que essa é uma das tarefas do Brasil como Coração do Mundo e Pátria do Evangelho.

 

Nota do autor: entrevista publicada originariamente na revista eletronica O Consolador – www.oconsolador.com.br

edição 465, de 15/05/16