Quando Falta a Alegria – Sidney Fernandes

Sidney Fernandes – 1948@uol.com.br

É fácil beijar o rosto, difícil é chegar ao coração.

Fernando Pessoa

Quem gosta de ficar ao lado ou conviver com uma pessoa que cultiva a tristeza? Ou mesmo está permanentemente se queixando, insatisfeita com tudo e com todos? Essas pessoas são infelizes, arrastam as correntes da vida, geralmente são solitárias e consideram a vida um inferno permanente.

Olhar para o espelho da vida e começar a desconfiar de que, muitas vezes, esse ser destituído de alegria e bom ânimo somos nós mesmos é porque está na hora de fazermos uma reflexão e buscar mudanças imediatas, antes que tais comportamentos de cristalizem e provoquem males irreversíveis.

O cardiologista Michael Miller, da Universidade de Maryland, Estados Unidos, liderou uma pesquisa sobre os benefícios do riso para a saúde do coração. Comparando as atitudes diante da vida de 150 pessoas com histórico de enfarto com o mesmo número de pessoas sadias, descobriu que aquelas que nunca tinham sofrido com problemas no coração eram as que demonstravam bom humor constante. Para evitar problemas cardíacos, Miller recomenda combinar a velha receita de saúde — exercícios físicos regulares e dieta balanceada — com algumas gargalhadas durante o dia.

— Rir do quê? — poderá alguém objetar. — O que mais falta acontecer? Uma noite dessas sonhei que estava falando com um tenebroso espírito, que deve estar me acompanhando em maré de azar, e pedi que me levasse desta vida. Melhor mesmo seria morrer — pensava. Sabe o que o ingrato me respondeu? — Sua hora ainda não chegou. Você tem muito o que fazer na Terra.

A permanência em mundo, como o nosso, no entanto, em que predominam o egoísmo, a vaidade e orgulho sujeita-nos a grandes variações ciclotímicas, que podem nos elevar às alturas ou nos derrubar para zonas de inquietação, quando não nos protegemos adequadamente.

Cada ato, cada palavra, cada pensamento, são sinais claros das zonas mentais de que procedemos e permanecemos. Desencarnados aproximam-se do meio que se lhes assemelham. A faixa vibratória de cada ser atrai espíritos, de acordo com mútuas tendências.

Daí a necessidade de nos prevenirmos contra situações complicadoras de relacionamento e de economia espiritual como tristeza, queixas, linguagem inconveniente, leviandades e outras mais.

Emmanuel[1] lembra que, durante o repouso noturno, cada um deve interrogar a si próprio e procurar saber o quanto está colaborando nas relações profissionais, afetivas, filantrópicas, sociais e outras da vida comum.

Se, por um lado, cientistas da atualidade nos recomendam a prática regular de atividades físicas, que nos premiarão com inúmeros neurotransmissores produzidos pelo cérebro, dentre eles a endorfina, que libera ações anti-inflamatórias e analgésicas, a ginástica do bem, que pressupõe o perdão, a tolerância, a boa palavra, a paciência, o trabalho e a alegria, representam verdadeiras vacinas contra a tristeza e a sombra esterilizadoras.

Retirar os óculos escuros do pessimismo, orar constantemente — inclusive no Evangelho do Lar —, levar uma religião a sério, ser bom familiar e bom profissional, fazer o bem ao semelhante e confiar em Deus são medidas que compõem fórmula profilática infalível capaz de prevenir todos os males. Azar, chagas da alma, espíritos doentes, tristeza, insatisfação, ranzinzice, palavrões, leviandades, inveja e ciúme perecem, diante da invencível força do amor.

[1] Página Contribui, livro Pão Nosso, de Emmanuel