Procura-se urgentemente quem ouça. E ouça com atenção!

Este seria um cartaz que procura ansiosamente pessoas dispostas a doar sua atenção à quem precise desabafar.

Espero que ele nunca seja divulgado, espero mesmo que nunca precisemos chegar a este ponto.

Mas o fato é que realmente estamos carecendo de quem possa doar um pouquinho mais de seus ouvidos.

Isso é caridade pura.

Disse Allan Kardec que “Fora da caridade não há salvação”, e ainda achamos que se trata daquela caridade do voluntariado, que distribui alimentos aos carentes materiais. Esta também é uma linda e importante ação benfeitora, mas o que mais tem feito falta em nosso meio são aquelas pessoas interessadas no que alguém tem a falar.

Muitos estão em ponto de explosão, por guardarem tantas informações confusas consigo mesmos, e ficam ávidos por encontrarem alguém que lhes dê alguns minutos de atenção exclusiva.

Um estudo científico afirmou que conseguimos permanecer apenas 7 segundos atentos ao que o outro está nos dizendo, antes de começarmos a elaborar em nossas mentes algo para falar logo após o sujeito nos contar sua história. E muitas vezes nem o deixamos concluir sua fala: já vamos logo contando a nossa experiência, desconsiderando (muitas vezes sem perceber ou desejar fazer isto) o que o outro estava nos dizendo.

7 segundos.

É o limite caridoso da maioria de nós ao ouvir quem quer que seja, não importando a gravidade do fato nos sendo dito.

Precisamos urgentemente mudar esse quadro egoísta de nossa parte, doando nossa atenção esmerada àquele que eventualmente possa estar se sentindo liberto por termos dado a ele alguns minutos de atenção. Dá pra nos programarmos para agir assim.

Alguns podem dizer:

“- Mas o que eu posso fazer se as pessoas só me contam bobagens?”

Pra nós pode ser algo extremamente banal, mas para quem diz pode ser algo simplesmente vital, a ponto de que se a ouvirmos atentamente, ela mesma poderá encontrar as respostas aos seus questionamentos, simplesmente por estar nos contando suas dúvidas, tristezas e anseios. E ela mesma acabará encontrando as respostas que procura, porque está se ouvindo, ao nos contar seu anseio.

 

E ouvir é ser caridoso.

Se queremos nos “salvar” do egoísmo, que segundo o benfeitor Emmanuel é o “maior entrave para nosso desenvolvimento espiritual”, precisamos aprender urgentemente a sermos mais atenciosos ao que as pessoas nos dizem.

Um velho ditado diz que “Deus já nos deu a dica do que mais deveríamos fazer: ouvir mais e falar menos. Afinal, nos deu 2 ouvidos e uma boca somente”.

E quando falamos, acrescentamos pouco ao nosso conhecimento, afinal, só dizemos algo que já sabemos.

Mas quando ouvimos, abrimos um leque de oportunidades:

Podemos aprender algo que não imaginávamos, e muitas vezes dito por alguém que não dávamos a mínima confiança de que poderia nos ensinar algo substancial.

E se não aprendermos nada, pelo menos exercitamos o que os benfeitores fazem conosco desde sempre: ouvem nossas preces atentamente, sem nos interromper, e dão todo crédito às nossas solicitações. Todas.

Que nós tenhamos a capacidade de exercitar em nós este gesto caridoso:

O de se importar com quem nos rodeia, os ouvindo com atenção e nos interessando pelo seu conto.

Se pudermos ainda interagir com o assunto, pedindo mais detalhes e mostrando real comprometimento com o que é dito, ganharemos incontáveis bônus, por nós mesmos, nos informando inconscientemente que somos capazes de servir mais do que buscamos ser servidos.

Ah, e se fizermos isso com uma criança, ganharemos seu carinho e respeito pra sempre. As crianças nunca se esquecem de quem lhes dá atenção.

“Simbora” tirar o tampão dos ouvidos?

Nossa evolução espiritual agradece.

Oceander Veschi