Primeira Epístola aos Espíritas Cristãos

“Senhor, tem misericórdia do meu filho. Ele tem ataques e está sofrendo muito. Muitas vezes cai no fogo ou na água. Eu o trouxe aos teus discípulos, mas eles não puderam curá-lo”.[1]

Nós, divulgadores da Doutrina Espírita, não da parte dos homens, mas da parte dos Espíritos que operam no trabalho do consolo junto aos encarnados no planeta Terra, utilizando como recurso os Evangelhos sobre a vida do Nosso Senhor Jesus – O Cristo, anotado pelos seguidores do Mestre e evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João desde o ano 36 d.C. e, também, as obras da Codificação Espírita, publicadas a partir do ano de 1857 d.C.[2], admiramos a rapidez com que os ensinamentos morais vivenciados pelo Cristo vêm sendo esquecidos por grande parte dos irmãos em Humanidade.

Estamos apenas no ano 2017 e a passagem do Messias pela Terra parece fato tão longínquo que alguns historiadores impugnam a existência do Jesus histórico. Alguns acreditam ser apenas uma lenda da teologia cristã, para outros um episódio mítico e místico sem maiores impactos ou afetações para o mundo moderno.

O Sublime Galileu dividiu a cronologia histórica e segue triunfante, aguardando que a semente plantada possa germinar, vencendo as intempéries emocionais e morais dos incautos cristãos, a fim de frutificar. Não lhe importa se de início as sementes produzirão frutos de 30 ou 60, para em seguida renderem 100.

A rapidez com que se alteram os paradigmas quer no mundo científico, filosófico ou religioso é notável. Atentos a essa impermanência das ideias e conceitos, justo buscarmos os valores eternos, capazes de saciar a nossa fome de espiritualidade e a sede de sabedoria das coisas divinas. Esse processo é moroso.

Incompreensível nos comportarmos como crianças espirituais realizando práticas místicas, difundindo ideias esdrúxulas e conceitos contrários ao pensamento d’Aquele que foi, é e sempre será a Luz do Mundo.

O Espiritismo traz o Cristo e o revive integralmente. Ensina o amor incondicional no coração dos homens. Explica a natureza da vida futura, o porquê das reencarnações, a Justiça Divina e vai além, pois apresenta o grande plano de Deus para a Educação das almas. Não se apega a rituais, cultos ou cerimônias, sendo uma doutrina fundamentalmente libertária. Tal liberdade, sob o Evangelho do Cristo, deve ser meditada, sentida, vivida e ensinada.

E o que fazemos de especial? Poderíamos perguntar aos Espíritos, e a resposta, decididamente, seria: ensinamos as pessoas a se libertarem do falso Espiritismo ou do falso Evangelho.

O painel dos sofrimentos humanos é doloroso e as súplicas se repetem qual a do pai do menino epilético narrada por Mateus, quando num momento de desespero procura Jesus e apresenta-lhe a sua indignação:

“Senhor, tem misericórdia do meu filho. Ele tem ataques e está sofrendo muito. Muitas vezes cai no fogo ou na água. Eu o trouxe aos teus discípulos, mas eles não puderam curá-lo”. [3]

“Que me falta ainda?” Interroga o mancebo rico a Jesus quantos aos deveres necessários para ganhar a vida eterna. Talvez, essa fosse uma dúvida legítima do jovem rico, citado pelo evangelista, conforme registra o capítulo 19, versículo 16. Reflitamos nós: que nos falta ainda para compreender que somos filhos do mesmo Pai, que vivenciamos as mesmas experiências, dores, angústias e aflições?

Do berço ao túmulo as vidas e as histórias se repetem, contudo o que nos torna diferentes e exclusivos é a nossa capacidade de compreender a vida em seu sentido amplo, eterna e ininterrupta. Diria o apóstolo do gentios “Porque se alguém cuida ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo” [4].

Se cuidarmos que somos mais que o nosso próximo, nossa desdita será ainda maior, porém se buscarmos nos irmanar nas oportunidades de crescimento e evolução, nossas lições de aprendizagem e elevação farão com que nossas ilusões se enfraqueçam.

Qual a  nossa maior ilusão?

Colher o que não semeamos?

Ser amado quando não amamos?

Obter a aprovação de todos?

Acreditarmos autossuficientes e ou autoimunes?

Ou pensar que Deus (o deus antropomórfico) quer apenas jogar dados com a nossa sorte e nos punir?

Ou quem sabe a nossa maior ilusão seja acharmos que a divindade realizará nossos desejos infanto-juvenis.

Exortamos-vos, homens de boa vontade, a despertar a consciência divina que há em ti. Buscar as coisas de Deus e a amar a tua vida, tal como ela se te apresenta, pois o senhor tem sempre misericórdia em abundância. Se cairmos no fogo da loucura e das desiluções ou nas águas do desespero e da dor, Jesus certamente saberá nos socorrer!

Jane Maiolo

Referências bibliográficas:

[1] Mateus 17:14;

[2] Parafraseando a Introdução da Epístola de Paulo aos Gálatas;

[3] Mateus 17:14;

[4] Gálatas 6:3;