Pelo Amor, ou pela Dor

 

Espíritos imortais que somos, desenvolvemo-nos ao longo da linha do tempo, ora no corpo físico, ora no Mundo Espiritual, nossa pátria de origem.

Partindo dos esclarecimentos contidos em O Livro dos Espíritos, sabemos que os Espíritos são criados simples e ignorantes tendo como objetivo a perfeição.

As mais simples observações e a lógica nos mostram que todas as experiências vividas pelo Espírito, assim como todo conhecimento adquirido por ele, se armazenam em sua estrutura mental, como bagagem inalienável rumo ao futuro.

Quando no Mundo Espiritual, à medida em que se identifica com sua situação, é capaz de vasculhar o passado fazendo uso de sua memória pessoal para novas disposições futuras, em novas reencarnações para dar continuidade ao seu progresso.

Ao encarnar permanecem no subconsciente as funções vitais, hábitos e crenças adquiridos, intuição e padrões comportamentais, de onde emergem, por exemplo, a criatividade e a sabedoria, e também o entendimento espiritual.

Também emergem, invariavelmente, as distonias energético-espirituais negativas produzidas pelos desatinos cometidos pelo Espírito, e que influenciarão o comportamento psíquico no ponto médio entre a culpa e a capacidade de resolução da problemática.

Quando encarnado, a depender de suas necessidades espirituais, e o consequente planejamento reencarnatório que possibilite o seu progresso, ou o expurgo do passado que o liberará para novos avanços, a sua memória espiritual será suprimida para que, com os pés firmes na atual existência, faça o que precisa ser feito sem o conhecimento dos erros de outrora, de forma que estes não o levem à prostração, muito embora possam se fazer presente através de inclinações aos estados depressivos a depender das disposições íntimas do Espírito.

Assim, trazemos, na Consciência atual, a capacidade de raciocínio, de emitir julgamentos e críticas, de analisar, planejar e tomar decisões, e a capacidade de armazenar na memória as novas experiências e aprendizados na exata medida de nossas possibilidades de progresso.

Se analisarmos, com honestidade de propósito, nossas tendências e aptidões, pensamentos e valores, e ações decorrentes, com certa facilidade podemos identificar as características espirituais preponderantes em nosso Espírito, que por sua vez possibilitará a reeducação moral através da aquisição de novos hábitos, traduzindo-se em progresso espiritual, e como o progresso é lei natural, mais cedo ou mais tarde ele acontece.

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O lema popular diz que o progresso se dá, ou pelo amor, ou pela dor, e que a escolha está sempre a cargo do Espírito. Esse lema representa, intuitivamente, a dualidade composta pela intenção consciente e produtiva, ou seja, de acordo com a Lei de Deus, e pela presença da dor para “acordar” o Espírito para a tomada de novos rumos existenciais com novos valores.

Temos, portanto, débitos pretéritos registrados em nossas consciências, mas que não necessariamente precisam vir à tona em forma de dor para serem resgatados. Seria falta da Misericórdia Divina. Pode-se suprimi-los, ou ao menos amenizá-los, através da prática do amor, da caridade pura, da ação intencional rumo ao que é consoante à Lei de Amor.

Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro