Os Espíritas Acreditam Nos Santos Canonizados Pela Igreja Católica?

A Doutrina Espírita respeita todas as religiões, não existindo para concorrer com nenhuma delas e muito menos para conquistar seus adeptos. O Espiritismo tem sua maneira peculiar de ver as coisas e sua mensagem se dirige aos que não têm nenhuma crença ou estão à procura de outros conhecimentos que lhes satisfaçam os anseios íntimos, esclarecendo suas dúvidas. Somos criaturas em diversos graus de evolução e cada religião atende às necessidades específicas e individuais de cada um de nós.

Segundo a Doutrina Espírita, todos os Espíritos foram criados iguais, simples e ignorantes, sem exceções. Nossa meta é alcançar a plenitude em sabedoria e amor, ou seja, a angelitude. Para tanto nos são concedidas infinitas oportunidades de aprendizado, que se apresentam na Espiritualidade ou nas reencarnações. De experiência em experiência, errando para aprender a fazer o certo, vamos conquistando paulatinamente a pureza espiritual, a túnica nupcial a que se refere Jesus como condição para o ingresso do Reino de Deus. Essa é uma conclusão compatível com um Pai justo e bom, que trata todos os filhos com igualdade, com os mesmos direitos e deveres, deixando a eles os méritos da nobre conquista, para que possam valorizá-la.

Para nós, a canonização é o reconhecimento da Igreja Católica quanto à virtuosidade de alguns homens ou mulheres que na Terra agiram conforme os preceitos cristãos ou praticaram fatos chamados milagrosos. Consideramos, no entanto, que a avaliação é de natureza pessoal, feita pelo próprio ser humano e que, por isso, pode estar enganada no tocante aos reais valores do canonizado.

Joana D’Arc, por exemplo, foi queimada como bruxa e herege, em 1431, após condenada em processo presidido pelo Bispo de Beauvais, Pierre Cauchon, mas acabou santificada em 1920, pelo Papa Bento XV.

Variados fatores interferem na nossa apreciação da conduta do próximo. O amor, por exemplo, costuma fazer com que supervalorizemos a pessoa amada, atribuindo-lhe muitas vezes predicados que não possui, ou pelo menos não na importância que damos. Já a antipatia, a inveja ou o ódio ressaltam todo o lado negativo da criatura detestada, passando a ser esta considerada por nós a pessoa mais abjeta do mundo, quando é possível que seja ela boa e amada por muitas outras pessoas.

Por outro lado, normalmente, costumamos avaliar as criaturas por fora; no entanto, a criatura não é o que aparenta ser, mas o que de fato é no seu íntimo, e neste nem sempre conseguimos penetrar. A essência do ser humano é o seu pensamento, e quantos pensamentos não escondemos de nós mesmos! Atos caridosos de elevada monta acabam desconsiderados por Deus em razão da vaidade oculta, porque a verdadeira caridade é silenciosa e desinteressada. E sacrifícios pessoais em favor do próximo que aqui passam despercebidos, são reconhecidos pelo Pai como manifestações efetivas do seu amor.

Destarte, somente do outro lado, no mundo espiritual, na verdadeira vida, onde somos o que somos, é que se destaca o santo verdadeiro, aquele que compreendeu a Lei do amor e tem agido conforme os seus mandamentos.

 

Donizete Pinheiro

 

Nota do Autor:

Texto de livro do autor, em seu capítulo 16 – SANTOS.

Fonte: Agenda Espírita Brasil