Os Erros Alheios

Que vivemos em um mundo cujos espíritos a ele vinculados trazem a marca da imperfeição, não padece dúvidas. Todos somos Espíritos imperfeitos, em maior ou menor grau.

Mundo de Expiação e Provas, o Planeta Terra apresenta uma variedade enorme de entendimento moral que também se reflete nas instituições humanas.

Vivendo ombro a ombro com o erro, torna-se difícil não se deixar envolver pelo senso crítico e a consequente emissão de juízo.

Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec trata do assunto:

É errado estudar os defeitos dos outros?
– Se é para divulgação e crítica há grande erro, porque é faltar com a caridade. Porém, se a análise resultar em seu proveito pessoal evitando-os para si mesmo, isso pode algumas vezes ser útil. Mas é preciso não esquecer que a indulgência com os defeitos dos outros é uma das virtudes contidas na caridade. Antes de censurar os outros pelas imperfeições, vede se não se pode dizer o mesmo de vós. Empenhai-vos em ter as qualidades opostas aos defeitos que criticais nos outros, esse é o meio de vos tornardes superiores; se os censurais por serem mesquinhos, sede generosos; por serem orgulhosos, sede humildes e modestos; por serem duros, sede dóceis; por agirem com baixeza, sede grandes em todas as ações. Em uma palavra, fazei de maneira que não se possa aplicar a vós estas palavras de Jesus: “Vê um cisco no olho de seu vizinho e não vê uma trave no seu”. (1)

De claridade ímpar, que não reclama maiores comentários, a resposta dos Benfeitores Espirituais remete-nos ao exame de nossa própria consciência.

Em sentido mais amplo, ainda em direção aos erros cometidos pelo próximo no que diz respeito às instituições humanas, pergunta Kardec:

É errado investigar e revelar os males da sociedade?
– Depende do sentimento com que se faz; se o escritor quer apenas produzir escândalo, é um prazer pessoal que procura, apresentando quadros que mostram antes um mau do que bom exemplo. Apesar de ter feito uma avaliação, como Espírito, pode ser punido por essa espécie de prazer que tem em revelar o mal. (2)

Insiste o Codificador:
Como, nesse caso, julgar a pureza das intenções e a sinceridade do escritor?
– Isso nem sempre é útil mas, se escreve coisas boas, aproveitai-as. Se forem más, ignorai-as. É uma questão de consciência dele. Afinal, se deseja provar sua sinceridade, deve apoiar o que escreve com seu próprio exemplo.

Em Seu Evangelho de amor e luz, Nosso Senhor Jesus Cristo, adverte-nos sobre o julgamento dos erros alheios ao dizer, entre outras coisas, que a fórmula de julgamento aplicada aos outros será a mesma aplicada a nós mesmos, sem nos esquecer da regra de ouro que diz para fazermos aos outros, aquilo que gostaríamos que nos fosse feito.

É preciso, pois, muito cuidado com comentários e divulgação de erros alheios, porque, além de expor ao ridículo dos homens aquele ou aqueles que erram, ao fazê-lo tornamo-nos ainda mais responsáveis diante da Lei Divina, com a obrigação natural de não cairmos no mesmo erro.

Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro

Referências Bibliográficas:
(1) O Livro dos Espíritos; item 903;
(2) O Livro dos Espíritos; item 904;
(3) O Livro dos Espíritos; item 904 a.