O que nossos olhos não veem na câmara de passe?

Dando sequência a um ensaio anterior, onde explicitamos as atividades desenvolvidas na câmara de passe dos Centros Espíritas, queremos voltar nossa atenção para a condição pessoal dos trabalhadores espirituais envolvidos porque, ao adentrarmos os Centros, por qualquer motivo que seja, costumamos fazê-lo com olhos voltados para a rotina de trabalho, muitas vezes sem nos atentarmos para a estrutura espiritual presente.

Em geral, quando buscamos o auxílio, o fazemos sem olhos para os socorristas espirituais.

Habituamo-nos com a presença deles e, até confiamos, sem imaginar quais são suas credenciais.

Utilizando-nos ainda do livro Missionários da Luz (1), encontramos o Benfeitor André Luiz dando notícia da formação pessoal de cada trabalhador do plano espiritual, especificamente vinculados ao passe, ao retransmitir esclarecimentos do instrutor Alexandre:

“Aqueles nossos amigos são técnicos em auxílio magnético que comparecem aqui para a dispensação de passes de socorro. Trata-se dum departamento delicado de nossas tarefas, que exige muito critério e responsabilidade.”

André Luiz interroga:

“Esses trabalhadores apresentam requisitos especiais?”

E Alexandre detalha:

“Sim, na execução da tarefa que Lhes está subordinada, não basta a boa vontade… Precisam revelar determinadas qualidades de ordem superior e certos conhecimentos especializados
…manter um padrão superior de elevação mental contínua.
…necessita ter grande domínio sobre si mesmo, espontâneo equilíbrio de sentimentos, acendrado amor aos semelhantes, alta compreensão da vida, fé vigorosa e profunda confiança no Poder Divino.”

Decorrente das informações de Alexandre é admissível estendermos, no todo ou em parte, as mesmas características para os trabalhadores espirituais das demais atividades desenvolvidas por eles junto a nós outros encarnados.

Estamos, portanto, sob a atenção de personalidades altamente qualificadas, moral e tecnicamente, que desenvolvem suas atividades aplicada e amorosamente no anonimato, e por isso as lições que podemos extrair desse fato são variadas.

Precisamos atentar, com reverência, para o sentido da caridade espiritual praticada por eles, ao representarem a misericórdia divina no atendimento de nossas necessidades de socorro.

Também seria o caso de nos conscientizarmos a respeito do que poderíamos fazer, por nossa vez, para auxiliá-los em seus misteres, seja atendendo os requisitos da melhora íntima, reformando nosso comportamento, seja cerrando fileiras como voluntários no fortalecimento das equipes de trabalho formadas pelos encarnados.

De qualquer forma, o que não vemos nos ambientes de socorro espiritual e que, de fato, existe, são equipes em trabalhos altamente especializados que, sob as bênçãos do Senhor Jesus, que buscam aliviar-nos, espíritos ainda endividados que somos, reclamando de nós outros, o respeito e a gratidão pelo esforço alheio realizados em nosso favor.

Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro

Referência Bibliográfica:
(1) Missionários da Luz, cap. 19, Francisco C. Xavier/André Luiz.

Nota do Autor:
Grifos do autor.