O Perispírito e a Lei de Gravidade

No primeiro capítulo da segunda parte de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, tratando da forma dos Espíritos questiona na questão de número oitenta e oito:

“Os Espíritos têm uma forma determinada, limitada e constante?
– A vossos olhos, não; aos nossos, sim. O Espírito é, se quiserdes, uma chama, um clarão ou uma centelha etérea.”

Naturalmente, em função da resposta dada pelos Espíritos responsáveis pela Codificação, a dimensão “física” do Espírito cai no subjetivismo, uma vez que ainda não temos condições de apreender a real composição do Espírito, e nem se a apresentação deste é simétrica ou assimétrica em toda a sua tessitura.

No mesmo capítulo, um pouco mais à frente, o Codificador desenvolve questões acerca do Perispírito.

A primeira delas é a questão noventa e três:

“O Espírito, propriamente dito, não tem nenhuma cobertura, ou como pretendem alguns, é envolvido por alguma substância?
– O Espírito é envolvido por uma substância vaporosa para vós, mas ainda bem grosseira para nós; é suficientemente vaporosa para poder se elevar na atmosfera e se transportar para onde quiser.”

A resposta é claríssima. Há uma “vestimenta” para o Espírito, que o recobre, e que é uma substância vaporosa, e se assim o é, é composta de matéria em condições tais que para os encarnados não é visível em condições ordinárias. Esta vestimenta recebe então o nome de Perispírito.

Na questão seguinte, a de número noventa e quatro, Allan Kardec desenvolve o assunto:

“De onde o Espírito tira seu envoltório semimaterial?
– Do fluido universal de cada globo. É por isso que não é igual em todos os mundos. Ao passar de um mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, como trocais de roupa.”

Se é matéria, mesmo que vaporosa, está sujeita à Lei da Gravitação.

A gravitação universal é uma força fundamental de atração que age entre todos os objetos por causa de suas massas, isto é, a quantidade de matéria de que são constituídos… A atração física que um planeta exerce sobre os objetos próximos é denominada força da gravidade… A lei da gravitação universal foi formulada pelo físico inglês Sir Isaac Newton. (1)

Desta forma, assim como o corpo físico está sujeito à força da gravidade, quando ocorre o desencarne o Espírito continua vinculado a essa força pela existência do perispírito que o recobre.

A Benfeitora Joanna de Ângelis, no livro Estudos Espíritas, psicografado por Divaldo Pereira Franco, nos esclarece:

“Revestimento temporário, imprescindível à encarnação e à reencarnação, é tanto mais denso ou sutil, quanto evoluído o seja o Espírito que dele se utiliza.”

Estas anotações nos levam ao entendimento que a elevação do Espírito às faixas mais altas da espiritualidade só são possíveis quando da evolução moral da criatura humana, com a consequente ascendência sobre a matéria, seja corporal ou a que nos envolve na vida de relação entre os encarnados. Nestas regiões é maior a percepção da grandeza da vida e da felicidade. Maiores serão as possibilidades de avanço rumo à perfeição, e menores as necessidades de provas na vida física.

Inversamente, quanto mais vicioso é o Espírito, moral ou materialmente falando, mais dificuldade para se libertar do plano terreno, inclusive com possibilidades de ser atraído para regiões abismais do plano espiritual do entorno da Terra, traduzindo-se por longos períodos de sofrimento, até que tenha nova oportunidade de depuração pelas vias da reencarnação.

O “peso específico” do perispírito, que o sujeita a uma posição correspondente no mundo espiritual é, portanto, relativo à sua condição moral, e esta é de responsabilidade pessoal e intransferível, e também está vinculada ao “a cada um segundo suas obras”.

Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro

Referência:
1 – https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_da_gravitação_universal

Nota do editor:
Imagem em destaque disponível em <http://ultradownloads.com.br/papel-de-parede/Sensacao-de-Voas/>. Acesso em: 18AGO2015.

Originally posted 2015-08-19 21:40:53.