O Pensamento como Alicerce

Falando da capacidade de pensar, encontraremos nas obras espíritas esclarecimentos ímpares para que possamos equilibrar e edificar nosso mundo íntimo.

Na introdução de O Livro dos Espíritos Allan Kardec diz:

“…que a inteligência e o pensamento são capacidades próprias de algumas espécies orgânicas; e que, enfim, entre as espécies orgânicas dotadas de inteligência e de pensamento, há uma que é dotada de um senso moral especial que lhe dá uma incontestável superioridade sobre as outras: é a espécie humana”. (1)

Mais tarde Francisco Cândido Xavier, o médium por excelência, retransmitiu as informações de André Luiz sobre o pensamento, expressadas em Mecanismos da Mediunidade (2):

 “…interpretaremos o Universo como um todo de forças dinâmicas, expressando o Pensamento do Criador. E superpondo-se-lhe à grandeza indevassável, encontraremos a matéria mental que nos é própria, em agitação constante, plasmando as criações temporárias, adstritas à nossa necessidade de progresso.

Torna-se claro que nosso pensamento, com sua característica agitação pessoal, se dá no mesmo “ambiente” do Pensamento do Criador, e nesse ambiente:

“… surge a inteligência humana, dotada igualmente da faculdade de mentalizar e cocriar, empalmando, para isso, os recursos intrínsecos à vida ambiente”.

E continua André Luiz:

“…da matéria mental dos seres criados, estudamos o pensamento ou fluxo energético do campo espiritual de cada um deles, a se graduarem nos mais diversos tipos de onda, desde os raios super-ultra-curtos, em que se exprimem as legiões angélicas, através de processos ainda inacessíveis à nossa observação, passando pelas oscilações curtas, médias e longas em que se exterioriza a mente humana, até às ondas fragmentárias dos animais, cuja vida psíquica, ainda em germe, somente arroja de si determinados pensamentos ou raios descontínuos.

…Como alicerce vivo de todas as realizações nos planos físico e extra físico, encontramos o pensamento por agente essencial. Entretanto, ele ainda é matéria, — a matéria mental, em que as leis de formação das cargas magnéticas ou dos sistemas atômicos prevalecem sob novo sentido, compondo o maravilhoso mar de energia sutil em que todos nos achamos submersos …

…Assim é que o halo vital ou aura de cada criatura permanece tecido de correntes atômicas sutis dos pensamentos que lhe são próprios ou habituais…

…que lhes imprimem frequência e cor peculiares. Essas forças, em constantes movimentos sincrônicos ou estado de agitação pelos impulsos da vontade, estabelecem para cada pessoa uma onda mental própria.

… a causa da agitação, em estados menos comuns da mente, quais sejam os de atenção ou tensão pacífica, em virtude de reflexão ou oração natural, o campo dos pensamentos exprimir-se-á em ondas de comprimento médio ou de aquisição de experiência, por parte da alma, correspondendo à produção de luz interior. E se a excitação nasce dos diminutos núcleos atômicos, em situações extraordinárias da mente, quais sejam as emoções profundas, as dores indizíveis, as laboriosas e aturadas concentrações de força mental ou as súplicas aflitivas, o domínio dos pensamentos emitirá raios muito curtos ou de imenso poder transformador do campo espiritual

…compreendemos assim, perfeitamente, que a matéria mental é o instrumento sutil da vontade, atuando nas formações da matéria física, gerando as motivações de prazer ou desgosto, alegria ou dor, otimismo ou desespero, que não se reduzem efetivamente a abstrações, por representarem turbilhões de força em que a alma cria os seus próprios estados de mentação indutiva, atraindo para si mesma os agentes de luz ou sombra, vitória ou derrota, infortúnio ou felicidade.

…É nessa projeção de forças, a determinarem o compulsório intercâmbio com todas as mentes encarnadas ou desencarnadas, que se nos movimenta o Espírito no mundo das formas-pensamentos, construções substanciais na esfera da alma, que nos liberam o passo ou no-lo escravizam, na pauta do bem ou do mal de nossa escolha”.

Depois destas considerações, onde a vontade aparece como alavanca propulsora, e de responsabilidade pessoal de cada um de nós, precisamos ouvir a Ministra Veneranda, conforme transmissão de André Luiz (3), em uma aula sobre o pensamento, e acessada “somente pelos espíritos sinceramente interessados”:

“Não haviam aprendido que o pensamento é a linguagem universal? Não foram informados de que a criação mental é quase tudo em nossa vida?”

“O pensamento é a base das relações espirituais dos seres entre si, mas não olvidemos que somos milhões de almas dentro do Universo, algo insubmissas ainda às leis universais”.

“Será crível que, somente por admitir o poder do pensamento, ficasse o homem liberto de toda a condição inferior? Impossível! Uma existência secular, na carne terrestre, representa período demasiadamente curto para aspirarmos à posição de cooperadores essencialmente divinos. Informamo-nos a respeito da força mental no aprendizado mundano, mas esquecemos que toda a nossa energia, nesse particular, tem sido empregada por nós, em milênios sucessivos, nas criações mentais destrutivas ou prejudiciais a nós mesmos. Somos admitidos aos cursos de espiritualização nas diversas escolas religiosas do mundo, mas com frequência agimos exclusivamente no terreno das afirmativas verbais. Ninguém, todavia, atenderá ao dever apenas com palavras. Ensina a Bíblia que o próprio Senhor da Vida não estacionou no Verbo e continuou o trabalho criativo na Ação. Todos sabemos que o pensamento é força essencial, mas não admitimos nossa milenária viciação no desvio dessa força”.

E finaliza a Grande Benfeitora:

“O pensamento é força viva, em toda parte; é atmosfera criadora que envolve o Pai e os filhos, a Causa e os Efeitos, no Lar Universal. Nele, transformam-se homens em anjos, a caminho do céu ou se fazem gênios diabólicos, a caminho do inferno”.

Diante de tais informações só nos resta, como obrigação natural, nos conscientizarmos a respeito do esforço que devemos priorizar no vigiar e orar, conforme nos recomendou Nosso Senhor Jesus Cristo, para pensar sempre no bem e no amor.

Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro

Referências:
(1) O Livro dos Espíritos, Introdução, 2;

(2) Mecanismos da Mediunidade, Francisco C. Xavier e André Luiz, cap. 4;

(3) Nosso Lar, Francisco C. Xavier e André Luiz, cap. 37.

Grifos do autor deste ensaio.