O Pecado da Permanência

Por Jane Maiolo

Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redarguidos pela lei como transgressores.  Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos. [1]

 

A palavra pecado no hebraico e no grego comum significa “errar”, no sentido de  não atingir um alvo, ideal ou padrão. Na acepção bíblica denota qualquer ato, sentimento ou pensamento que viola a Lei de Deus , ou seja , pecar é “falhar” ou  transgredir os Códigos dos estatutos divinos.

Bem provável que nós seres espirituais em constante aprendizado na matéria densa já experienciamos inúmeras situações onde a “falha” era nossa marca registrada.

A transgressão à lei de amor tem nos feito cativos , recalcitrantes e vagarosos.

O Espiritismo surge em nossa existência como farol a iluminar os caminhos que percorremos. É bem verdade que antes do conhecimento do Espiritismo não era tão consciente e nítida nossa condição de espíritos imortais e responsáveis pelos atos perante a eternidade. Beneficiados pela Terceira Revelação somos compelidos a adotar novos rumos de entendimento , sempre atentos à  afirmativa do apóstolo Tiago :  “Portanto, se alguém sabe fazer o que é certo e ainda assim não o faz, está pecando.” [2]

É bem verdade que por decorrência dessas inobservâncias e “falhas” acumulamos débitos , muitas vezes impagáveis, contudo por misericórdia divina realinharemo-nos com as propostas de evolução que nenhum de nós conseguiremos fugir.

Pelas nossas transgressões à lei divina, intoxicamo-nos de ideias malsãs, comportamentos duvidosos e geramos frutos do dissabor. Adoecemos, pois o corpo mental não suporta a vibração e sintonia constante do mal.

Somos seres completos e complexos. Entre o espírito e o corpo físico existe o corpo psicossomático (períspirito) dotado de um campo magnético definido por André Luiz como túnica eletromagnética. Tal Benfeitor revelou a singularidade da vida no mundo espiritual, através da psicografia de Francisco Candido Xavier. Esse corpo sutil, quintessenciado é capaz de captar as ondas do pensamento, agregá-las, irradiá-las e emanar os fluidos pertencentes à sua identidade espiritual. Esclarece o autor de “Nosso Lar” que “todos os seres vivos (…) dos mais rudimentares aos mais complexos se revestem de um halo energético que lhes corresponde à natureza(…) Nas reentrâncias e ligações sutis dessa túnica eletromagnética de que o homem se entraja, circula o pensamento, colorindo-a com as vibrações e imagens de que se constitui, aí exibindo, em primeira mão, as solicitações e os quadros que improvisa, antes de irradiá-los no rumo dos objetos e das metas que demanda.” [3]

A mente, essa incógnita para a ciência humana, verdadeiramente deve ser conhecida, explorada, apreendida e meditada. As “falhas” que temos cometido por imaturidade , insensatez , invigilância, ignorância ou simplesmente por maldade tendem a conspurcar essa túnica eletromagnética ,que Jesus afirmou ser o traje nupcial necessário para permanecer na esferas mais elevadas do mundo espiritual.

As anomalias psíquicas estão cada vez mais frequentes e passamos achar que é normal aquilo que antanho conceituamos anormal. Agredimos o semelhante, dissimulamos situações, corrompemos os sentimentos, caluniamos contra o próximo e tantas outras insanidades prepetramos ao longo do tempo. Portanto, cometemos “pecados”.

O homem do século XXI enfermou moralmente. “Falhou”. Transgrediu. “Pecou”. Não que dantes estivesse incólume ao “pecado”, mais porque a ignorância, de certa forma atenuava, suas responsabilidades. Evoluímos. Sentimos. Expressamos.

O corpo doente é o reflexo do estado mórbido do ser espiritual. As doenças psicossomáticas nascem da obstinação da ira , do rancor , do ressentimento, da mágoa ,do orgulho, da presunção , dentre tantos outros vícios morais que impregnamos na intimidade.

O padrão mental que adotamos é capaz de alterar nossas estruturas mais íntimas a ponto de perturbar as células físicas e culminar em  doenças instaladas no corpo físico  pelo desiquilíbrio psicoemocional e energético.

O adoecer psíquico é o mais grave problema do ser imortal, visto que macula sua identidade espiritual conduzindo-o pelos caminhos da culpa,  levando-o  a experienciar  angústias , medos , inseguranças, que nada mais são que consequências correspondentes às “falhas morais” ante os ditames dos códigos do BEM.

Importante lembrar que ao estagiar nessas estações de aprendizagem o espírito pode adotar, se assim o desejar, uma nova  postura mental e compreender que haverá  enormes esforços a serem empregados para realinhar-se ao que é bom , saudável e divino. Pois se a mente em desequilíbrio é capaz de fazer-nos adoecer , é preciso aceitar racionalmente que a mente sã é capaz de gerar saúde em nós. É como diz o adágio: Mens sana in corpore sano (“uma mente sã num corpo são”) é uma célebre frase latina, proveniente da obra Sátira X do poeta romano Juvenal.

Ensinariam os nobres amigos da erraticidade:  “A espiritualidade vem demostrando a relação da mente com o sistema imunológico afirmando que ideias enobrecedoras levam a fixações positivas, com a formação de substâncias defensivas vindas do pensamento, com o aumento da imunoglobulinas” [4].que são as defesas do soro sanguíneo.

A Doutrina Espírita vem lançar luzes sobre esses pontos nevrálgicos e nos ensina a buscar horizontes e fixar de maneira educativa nossa mente em paisagens mais esperançosas. É possível nos tranformar.

Busquemo-nos a renovação mental através da lei de justiça ,amor  e caridade e viveremos saudáveis  invariavelmente  identificados com as leis de Deus.

 

Referências bibliográficas:

[1]Tiago 2:9

[2]Tiago 4:17

[3] XAVIER, Francisco Cândido. Evolução em dois mundos- cap.17- primeira parte- ditado pelo espírito André Luiz –  Brasília /DF:  Ed FEB.

[4] Franco, Divaldo Pereira; Outros; Albuquerque, Alcione; Paulo, Jaider Rodrigues de – Livro: Das Patologias aos Transtornos Espirituais- AMEMG-  pág, 78.1ª edição .BH. editora INEDE, 2006.