O Mundo em Preto e Branco

Hetero ou homossexual.

Corinthiano ou palmeirense, gremista ou colorado.

Judeu ou palestino.

Coxinha ou mortadela.

Nutella ou raiz.

Comunista ou liberal.

Esquerda ou direita.

Católico ou protestante.

Argentino ou brasileiro.

Paulista ou carioca.

Rico ou pobre.

……………………….

Rótulos. Que necessidade é essa de se rotular tudo ou todos? Que necessidade é essa de encaixar todo mundo em algum lugar ou padrão.

Lembro de uma vez ter publicado, em uma rede social, uma homenagem ao, na minha opinião, grande estadista e, sobretudo, humanista, Nelson Mandela. Alguém que lutou contra o apartheid, regime de segregação racial que privilegiava uma minoria (10%) branca num país, predominantemente, negro, a África do Sul. Homenagem feita ao grande Madiba, alguém comentou: “Não, esse comunista não!”.

Meu choque foi imediato. Nem sei e, confesso, nem me interessou saber, se a opção política de Mandela era aquela. Não faria a menor diferença ante ao gigantesco trabalho humanista levado a termo por aquele homem.

Mas comecei a me perguntar o porquê daquela reação. Será mesmo que nossa visão está ficando tão estreita? Será que o mundo é binário ou assim está se tornando? Todas as pessoas têm, necessariamente, que serem “A” ou “B”? Seria assim a obra do Criador? Será que Deus tem só 2 formas diferentes de onde derivam todos os espíritos? Ao menos para as duas últimas perguntas tenho a resposta: NÃO.

Cada um de nós é único, a única coisa que temos em comum é o fato de nascermos simples e ignorantes e é, justamente, a partir do instante seguinte que começamos a nos diferenciar uns dos outros e, com o tempo, essas diferenças aumentam, das menores às maiores, mudanças tênues, matizes infinitas.

Ninguém, absolutamente ninguém, é uma coisa ou outra, e só. Somos seres complexos, com vivências diferentes, experiências individuais, na infinidade do tempo e espaço, logo cada um de nós é ÚNICO e, a não ser que se inventem infinitos e diferentes rótulos, em quantidade igual a dos espíritos criados pelo Pai, ninguém é classificável sob qualquer aspecto. Mesmo porque somos metamorfoses permanentes, a ponto de alguns dizerem que sequer somos e sim estamos. Não sei se é bem assim, mas também não duvido, já que a evolução é constante e tudo o que posso dizer é sobre o passado, considerando-se que o futuro ainda não vivi.

Sou do tempo da TV em preto e branco e adivinha só, ela não tinha só essas duas cores. Entre o branco e o preto havia uma infinidade de tons de cinza. Então entendo que devemos tomar enorme cuidado, ainda mais em tempos de polarização e intolerância. Rótulos só servem para aumentar a distância entre extremos e, entendo, isso sempre atende ao interesse de uma minoria que gosta de manipular massas.

Olá, meu nome á André Tarifa e se hoje estou branco, antes já estive negro, se hoje estou espírita, antes já segui outras filosofias ou religiões, se hoje estou homem, antes já estive mulher, se hoje estou brasileiro antes, com certeza, já experimentei diferentes nacionalidades, se hoje estou corinthiano, antes já torci para outro time ou até mesmo para outros esportes, se hoje estou hetero é provável que já tenha estado homossexual. Por favor, não me rotule e não aceite que façam isso com você também.

 

André Tarifa

 

Fonte: Agenda Espírita Brasil