“O avião do meu pai vai explodir”, disse a menina, que estava a milhares de KM de distância

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No céu sobre a densa floresta amazônica, o improvável aconteceu em 29 de setembro de 2006: duas aeronaves voando em direções opostas se chocaram no ar. O acidente entre o Boeing 737-800 da Gol e de um jato Legacy resultou no segundo maior acidente aéreo do Brasil. O avião da companhia aérea brasileira entrou em parafuso e caiu na mata fechada, matando 154 pessoas.

No dia e horário do acidente, segundo relato de uma vizinha de Hannah, a menina disse que o avião onde o pai viajava tinha explodido. A menina teria feito a afirmação quando visitava uma amiga, perto de casa, em Brasília (DF). Por volta das 17h do dia 29 de setembro, o Boeing da Gol caiu na fronteira entre o Mato Grosso e o Pará, com o pai de Hannah e outras 153 pessoas a bordo. Todos morreram.

A aparente premonição de Hannah foi relatada pela professora e a vizinha à mãe da garota, a jornalista maranhense Dalva Veloso Kowalski, 46. Ela não se preocupou em princípio, creditando as frases a um sonho ou influência da televisão. “Eu vi, mas o meu pai estava do lado de fora”, contou a menina, já depois da queda do avião. “Agora, meu pai é um anjo”, disse. Isso tudo aconteceu antes da própria companhia aérea noticiar o acidente fatal.

FILHA E MAE(Dalva e a filha Hannah, que teve a visão do acidente. Ao lado, a foto do pai, Andreas)

Andreas (pai da menina), que vivia com a família em Brasília há dois anos, estava na Amazônia ajudando amigo a comprar peças indígenas para museu na Áustria. Após cinco semanas, deu uma parada rápida na capital para matar as saudades da filha e voltou. “Ele foi até o shopping, programa que detestava. Parece até que estava se despedindo”, lembra Dalva.

A jornalista (esposa de Andreas e mãe de Hannah, a menina de 6 anos, à época) relembra os primeiros momentos no aeroporto, quando piscava no painel “Vôo 1907 – procurar companhia” e ouvia alguém dizer “parece que teve um acidente”. “Achava que o avião tinha pousado, que ele estaria ajudando os outros. Sou jornalista, sei que um avião não desaparece simplesmente. Mas precisava acreditar naquilo”, relatou Dalva (esposa).

“Ela diz que o pai vai voltar”

“Hannah bloqueou a morte do pai. Ela não fala sobre isso e pede pra eu parar de chorar porque ele vai voltar. Quando ela disse que o avião do pai tinha explodido foi exatamente a hora em que ele estava caindo. O Andreas era tão apaixonado pela filha que deve ter pensado nela nessa hora e ela deve ter sentido ou visto alguma coisa.

Maria Dalva Veloso Kowalski, 46 anos, jornalista