O Amigo Suicida

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Há um bom tempo fui à uma cidade vizinha fazer uma exposição espírita. Tudo saiu bem, graças a ajuda espiritual, e, ao término, todos saímos satisfeitos e felizes.

Eu estava bem física e espiritualmente naquele dia, mas algo inusitado aconteceu na volta para Rio Preto.

Na rodovia, quando passei na frente de uma cidade do caminho, senti a presença intensa de uma entidade espiritual a dominar-me. Percebi que não se tratava de um espírito mau ou vingativo. Era um sofredor.

No entanto, o envolvimento foi tão perturbador que senti dificuldade em dirigir o carro e, como me encontrava sozinho, não tinha como passar a direção para outra pessoa.

Era, aproximadamente, 22h e eu não achei apropriado parar o carro para pedir ajuda, até porque seria muito difícil conseguir socorro naquela hora.

Desde o primeiro instante orava como podia, em voz alta, solicitando ajuda da espiritualidade.

Chegando a minha casa liguei de imediato, como muita dificuldade em razão do meu estado, para o Sr. Rubens (*) pedindo socorro. Eu era envergonhado e quase nunca fazia isso. Mas não via outra saída.

Após ouvir-me, Sr. Rubens me disse que estaria orando por mim e para eu pedir para o Espírito que se chamava “Maura”, conhecida trabalhadora espiritual das reuniões mediúnicas em favor dos suicidas que são realizadas no Kardec.

Como num passe de mágica, instantaneamente, os sintomas desapareceram, sem que ao menos eu pronunciasse o nome da protetora espiritual.

Já em meu “estado normal” disse para Sr. Rubens que a entidade havia sido encaminhada. Que me encontrava muito bem.

Foi então que ele me revelou que se tratava de um irmãozinho suicida que a espiritualidade ligou a mim para que pudesse ser socorrido.

-Fernando, disse Sr. Rubens, é fulano de tal, aquele seu amigo que suicidou-se e morava naquela cidade, se lembra?

Sr. Rubens possuía uma clarividência muito peculiar, que lhe oferecia condições de rapidamente “ver com clareza” o que estava acontecendo com as pessoas. Enxergava “por dentro”.

O pesquisador brasileiro Hernani Guimarães Andrade considera a clarividência como:

“capacidade de perceber visualmente, sem usar o sentido da vista, cenas, imagens, seres, tanto visíveis quanto invisíveis para as pessoas comuns. Posteriormente, este vocábulo, na Parapsicologia, adquiriu um significado mais amplo, abrangendo fenômenos de telepatia, clariaudiência, transposição dos sentidos e premonição.”

Clarividência é uma faculdade anímica, “inerente” à própria pessoa, não dependendo da ação espiritual para ocorrer, portanto não é mediúnica. Não devemos confundi-la, portanto, com a vidência mediúnica.

A maioria dos autores espíritas conceituam a clarividência como a capacidade de “enxergar” mais além (situações muitas vezes ocultas) tudo que se refere ao mundo material (uma espécie de “visão de raio x” do personagem em quadrinhos Super Homem). No entanto, para outros, por se tratar de faculdade do espírito encarnado (anímica), a percepção vai além da puramente material, abarcando também o espiritual  – afinal, somos espíritos encarnados. Conheci várias pessoas com clarividência e o que pude testemunhar é que essa faculdade, até por ser inerente ao espírito, engloba visões, percepções, acontecimentos etc., dos dois planos, o material e o espiritual. De qualquer forma, tudo é uma questão de terminologia. Resumindo: é uma faculdade anímica, portanto não existe interferência de espíritos desencarnados no processo, mas seus fenômenos abarcam situações, cenas, visões, acontecimentos, etc., referentes ao mundo material e espiritual. Essa é nossa opinião.

Hoje meu amigo suicida, já recuperado, auxilia outros suicidas que se encontram em desespero.

“A melhor forma de ajudar a si mesmo é ajudando os outros.”

*(Sr. Rubens, ex-diretor do Kardec, desencarnado em 2008)

Fernando Rossit