Nossos Filhos são Espíritos. Como lidar com Eles?

Diante dos desafios da criação, das preocupações que ocupam as nossas mentes, é comum desvirtuarmos das reais prioridades da criação filial em nome da segurança financeira. Filhos são espíritos, unidades inteligentes de Deus, com o objetivo de figurar pela eternidade nos prumos felicidade.

Para que os eventos provedores da felicidade ganhem força, é necessário o respaldo inicial, o alicerce do caráter reto, sob o peso das escolhas difíceis.

Muitos dizem, naturalmente sob as aflições do desconhecimento, que o passado delituoso de outras vidas é a resultante das diferenças de afinidade que conduzem a desdita do presente. Estes desconhecem o poder do amor, ignoram a força da indulgência. O antagonismo atual é vencido pelo exemplo, paciência e inúmeros atos de amor, o conhecido 70×7, segundo o Mestre Jesus. Os problemas do hoje possuem, certamente, os componentes do presente.

Nossos filhos não foram criados para os parcos anos da existência carnal. O objetivo é muito maior; é pavimentar- lhes a estrada rumo aos cimos da felicidade, é conduzir-lhes nas vias do homem ou mulher de bem, é direcionar lhes ao caminho dos anjos.

Entretanto, vislumbramos, ainda envolvido na manta ao nascer, o médico da mamãe, ou o engenheiro do papai. Como se a necessidade da vida fosse unicamente o alimentar de um grupo de células, além do fenômeno da procriação e perpetuação da espécie humana.

Nossos filhos são espíritos e, portanto, existem as características latentes, a “borra” do caráter passado que retorna sob a virtude trabalhada ou do vício a ser confirmado, legado moral acumulado e trazido através dos tempos. Os traços inconsequentes do antes, os quais devemos fomentar a reconstrução através dos esforços da educação.

Educar é ação contínua, é ajudar sem atrapalhar. É auxiliar sem confundir, é perseverar, jamais desistir.

A formação profissional, obviamente importante, deve ser alcançada, porém distante está de ser a única, em se tratando do ser eterno. Necessário investir mais na formação do ser humano, no conjunto de virtudes que qualificam o espírito em sua integralidade.

O mundo clama pelo equilíbrio, não a encontraremos nas telas ou ferramentas do mundo virtual.

Hoje, infelizmente, encontramos as famílias reunidas em corpo somente, pois frequentemente as mentes estão longe, viajando na ação de jogos eletrônicos ou de mensagens instantâneas, desde as mais tenras idades. Como formar um caráter se nos momentos de comunhão familiar, permitimos a alienação que evita a convivência e o contato?

A Terra espera por paz, e não a encontraremos nos múltiplos cursos preparatórios, e sim, ensinando-lhes o respeito ao próximo, dando-lhe a perfeita noção de limite, para estar-se sempre quite com a consciência.

A sociedade pede amor, virtude esta a ser desenvolvida no universo do espírito, através dos exercícios da caridade em todos os sentidos. Não tenhamos as aspirações de encaminhar-lhes à descoberta do valor da vida, da formação do cidadão de bem, unicamente pelas vias dos cursos profissionalizantes.

A educação moral é o maior investimento, custa-nos apenas o empenho diário, entretanto sua aquisição, jamais se perde, degrada, desvaloriza ou apequena-se. Ao contrário, avança indeterminadamente.

O Cristo, além os inúmeros exemplos conhecidos de recuperação moral de almas, nos ensina que jamais devemos desistir de um ser humano, seja quem for, quem dirá dos que nos são fruto, do corpo e/ou do coração. Um espírito sempre absorve a dose, mesmo que homeopática, do amor, sob a disciplina do exemplo e do incansável esforço.

Um traço de nós acompanhará sempre os nossos pequeninos. Que traço desejamos deixar-lhes? Quais tesouros do coração lhes damos como guia dos momentos difíceis?

Dá-lhe os devidos valores para que saibam pesar a importância do dinheiro, da família, da sociedade, da profissão, do próximo e de Deus.

Assim, saberão portar-se diante das agruras do mundo e desafios humanos. Entenderão o respectivo papel diante da eternidade, não limitando-se aos investimentos momentâneos, os valores com vencimento nas décadas, sob as fragilidades e limitações do corpo biológico.

Terão a real noção da vida futura e a consciência do que são na essência: Espíritos.

Fonte: Correio Espírita. Por: Pedro Valiati