Não ao Preconceito

O preconceito tem sido forte óbice ao desenvolvimento moral do ser humano, um comportamento limitado pelas travas de um julgamento que surgiu da falta de compreensão e de uma avaliação parcial das situações.

Espiritualmente falando, as religiões cristãs têm como ideia fundamental que todos serão julgados na medida em que julgarem. Esse conceito, trazido das palavras de Jesus (Lucas 6:37), é uma forma de abolir o mal nas relações entre as pessoas, favorecendo a empatia, a solidariedade e a fraternidade.

O processo psicológico do ser humano, contudo, é complexo, e não raramente certas apreciações na prática limitam-se a citações decoradas. O comportamento de uma pessoa religiosa nem sempre é análogo ao que ela diz crer.

A Doutrina Espírita, moralmente fundada em valores cristãos, concorda com a assertiva de que o julgamento feito será o julgamento recebido. Que não se entenda isso como uma espécie de vingança divina, mas como método educativo que alerta que as leis morais e naturais que regem a alguns, regem a todos.

Para tornar ainda mais sério esse entendimento, o Espiritismo é reencarnacionista, sendo a reencarnação possivelmente a única forma de explicar as aparentes injustiças sociais e individuais. Ora, se todos reencarnarão em novo corpo tantas vezes quantas forem necessárias até atingirem certo grau de evolução espiritual, o que garante que não vivenciarão papéis sociais semelhantes aos que hoje são alvo de seu preconceito e que, infelizmente, parte dos indivíduos ainda alimenta no decorrer da história da humanidade?

Uma pessoa preconceituosa com o gênero, cor, posição social, religião, dentre outros, dificilmente deixará de sentir na pele, mesmo que noutra encarnação, o que fez outrem sofrer com seu desprezo. Não se trata da pena de talião, mas de causa e efeito, pois não se colhe maçãs nos limoeiros! Se o conceito não convencer a todos, a própria experiência convencerá.

O preconceito tem sido pedra de tropeço a atrasar toda a humanidade por causa de valores frívolos, quase sempre voltados à aparência exterior, em detrimento das qualidades interiores do ser humano. Não é assustador e sim estimulante, imaginar que se for verdade – a verdade que o Espiritismo abraça – como seria uma próxima vida se tivéssemos que colher o que hoje semeamos.

VANIA MUGNATO DE VASCONCELOS