A Menina do Poço

No ano de 1972, quando eu tinha 14 anos de idade, minha mãe, D. Clarice, ficou gravemente enferma. O diagnóstico era estarrecedor: lúpus. Naquela época não existia tratamento para a doença em Rio Preto e os médicos recomendaram procurar uma clínica em São Paulo. Dessa forma, meu pai a levava todo o mês àquela cidade onde permaneciam uma semana fazendo exames e consultas.

(Alguns sintomas da doença: Dor muscular, vermelhidão no rosto, perda de cabelo, artrite, dor ao respirar, sangramento pulmonar, alterações visuais, insuficiência renal etc.)

Mas o que intrigava os médicos era a inconstância clínica e laboratorial da doença: num mês os resultados eram irrefutáveis quanto à existência da doença, doutras davam negativo, tanto no que se refere aos sintomas quanto aos exames de laboratório.

Mas o tratamento continuava. Foram dias difíceis aqueles, de muito sofrimento para minha mãe e nossa família.

Minha mãe tinha uma amiga espírita, médium passista no IELAR, Instituto Espírita Nosso Lar, e sugeriu que conversássemos com D. Rosa, dedicada médium psicógrafa daquela casa. Lembro-me que acompanhava meu pai e minha mãe até lá para assistir a palestras e tomar passes.

Certo dia, D. Rosa recebeu uma mensagem psicografada dirigida à minha mãe, de autoria de um Espírito que se chamava Aurora. Em resumo dizia que em desdobramento os Benfeitores Espirituais estavam tratando dela e que a doença de fato não existia. Tratava-se de um irmãozinho desencarnado com Lúpus e que transmitia todas as impressões da doença à minha mãe, médium natural, que absorvia facilmente aquelas emanações fluídicas nocivas.

Após algumas semanas de tratamento espiritual a “doença” desapareceu para nunca mais voltar. Uma incógnita para os médicos porque a doença não tinha e ainda não tem cura.

Mas quem era essa Aurora que se dizia amiga de infância da minha mãe, desencarnada prematuramente aos 12 anos de idade? Minha mãe não se lembrava.

Minha tia Dirce, sua irmã, foi consultada sobre o assunto e lembrou-se de Aurora. Ela tinha sido a pequena menina que tinha caído num poço profundo de água e desencarnado. Sim, o fato chocante estava lá escondido na memória de minha mãe e então ela se lembrou.

Outro fato interessante dessa história é que meus pais construíram a casa da nossa família na Boa Vista, mas não puderam se mudar de imediato. Então decidiram alugá-la por dois anos, até meu pai se aposentar em Uchoa, onde morávamos. Em 1968 mudamos para cá, na mesma casa que fora alugada para uma família.

Meu pai, através de vizinhos, veio a saber que o morador (locatário) havia desencarnado naquela casa. Quis saber a razão e soube que houvera desencarnado por lúpus.

Tudo fazia sentido agora. A pobre entidade ainda não havia se desligado do local e sentia ainda todas as sensações da doença que o levara à morte.

Médium natural, minha mãe absorvia as energias deletérias do infeliz Espírito.

Mas como nada acontece sem uma razão justa perante às Leis de Deus, a entidade, por meio da minha mãe, foi socorrida.

Foi assim, que Deus do Mal tirou o Bem. É sempre assim.

Comecei a me interessar pela Doutrina Espírita aos catorze anos de idade por esse acontecimento.

Dona Rosa, muito obrigado. Gratidão eterna.

Fernando Rossit