Maledicência

Este ato de “falar mal” de alguém é bem descrito no Evangelho Segundo O Espiritismo como sendo um dos motivos de nos macularmos, ou seja, nos mancharmos com vibrações más (Cap. 8, item 8).

É o que sai de impuro da boca do homem que o torna distante de Deus, pois o que sai da boca primeiro preencheu a mente, e uma mente doente traz amarguras para o corpo e a alma do indivíduo.

O benfeitor Emmanuel nos recorda no livro “Fonte Viva” de que falar mal dos outros é render homenagem aos instintos inferiores, e renunciar ao título de cooperadores de Deus, por ser crítico de suas obras (Cap. 151 – Maledicência).

Reparem bem nisso: falar (mal) dos outros nos distancia de Deus!

E é bem comum justificarmos nossas insatisfações com as falhas alheias: “Só digo a verdade”, ou “não consigo ver coisa errada e ficar quieto”.

Aparentemente isso nos coloca em posição quase que de defensores da justiça, do que é correto e bom. Ledo engano…

A doutrina espírita é clara em nos orientar sempre a buscarmos soluções, e não apontamentos estéreis. Quando estamos falando mal de alguém, não estamos em busca de soluções, mas sim, de denegrir o outro, e isso nos torna cruéis, por que não damos a chance de que o outro se justifique ou se defenda da acusação que fazemos e, tampouco, estamos verdadeiramente interessados em ajudar-lhe a resolver o imbróglio.

E peço licença pra ir além: pode-se considerar até covardia falar de alguém pelas costas, já que se o outro estivesse pessoalmente, não teríamos a mesma audácia nos comentários.

Quando ingerimos este tóxico chamado maledicência vamos programando pra nós um envenenamento que nos leva à ruína.

Ficamos permeados com estas energias de péssima qualidade, e nos habilitamos (mesmo a contragosto) a experimentarmos dissabores dos mais diversos:

Enfermidades no corpo físico, insatisfações, inquietações, desamor e distanciamento dos que nos observam nesta prática infeliz.

“Quando Pedro fala de João, sei mais de Pedro do que de João”, é uma grande realidade. Os amigos se afastam, pois percebem nossa língua afiada e não desejam serem os próximos “alvos” de nossas flechadas verbais.

Sejamos prudentes e próximos das energias saudáveis que os bons espíritos querem nos inspirar. Lembremo-nos do apontamento feito pelo Mestre Jesus, quando orientou que “quem não tiver pecado, atire a primeira pedra”.

É sempre mais feliz aquele que pelo menos tenta se livrar deste mal que nos toma grande parte de um bem muito preciso: o tempo.

Utilizemos ele para nosso crescimento, auxiliando nossos irmãos, compreendendo as suas limitações e procurando pelo menos não atrapalhá-los com nossas infelizes observações, que muitas vezes estão equivocadas quando à verdade dos fatos. Não sabemos o que levou o outro a agir daquela maneira que nos induz a recriminá-lo.

O antídoto para a maledicência, para quem ainda está saindo dela: o silêncio, ser o ponto final de toda e qualquer inoportuna avaliação.

E para quem já tem boa capacidade observadora das falhas alheias, e já não mais cai na armadilha da maledicência, o caminho a ser seguido é do auxílio, procurando encontrar soluções que ajudem o outro a não mais cometer tais falhas.

Abençoemos a todos, para o bem deles e da organização em que estamos todos inseridos e para que a nossa paz de espírito se faça presente.

Oceander Veschi