Justiça Divina

Sidney Fernandes – 1948@uol.com.br

Richard Simonetti sempre demonstrou objetividade e cultura em seus textos e palestras. Trago-lhes, amigo leitor, precioso conteúdo, inédito, que extraí de entrevista que ele me concedeu, gravada em vídeo. Abeberemo-nos dele, pois não encontrei, na literatura, semelhante clareza didática na abordagem do tema Justiça Divina.

Perguntei a Simonetti:

Como explicar que uma criança tenha uma doença grave ou terminal considerando que ela ainda não teve tempo para errar e pouco entende do sentido da vida?

Respondeu Richard:

A criança não está sendo castigada, nem punida, pois a lei divina não é punitiva e sim educativa. Quando praticamos o mal e nos comprometemos no vício, na irresponsabilidade, no crime e no suicídio, provocamos desajustes perispirituais violentos. O nosso corpo espiritual fica totalmente desequilibrado e desajustado. O mal praticado repercute no perispírito. Um espírito nessa condição reencarna muito fragilizado. Seu corpo físico terá graves deficiências, em razão dos desajustes do corpo perispiritual, porquanto ele é a “fôrma” da forma física. Se o reencarnante tem um perispírito comprometido por desvios do passado, como se estivesse com o corpo astral doente, essa doença vai se refletir no corpo físico, dando origem a males variados, que é o que acontece com todos nós. Mas, às vezes, com esses comprometimentos que o espírito traz do passado, o novo corpo não resiste. E então, surge uma doença mais grave e de repente a criança desencarna.

Ah! Mas, que pecado — alguém poderia dizer —, como é que Deus faz isso com uma criança?

Nós estamos vendo o presente da criança, não estamos considerando aquele espírito que veio com comprometimentos do pretérito. Essa breve existência vai representar uma espécie de escoamento dos desajustes perispirituais que aquele espírito acumulou no passado, para que, numa próxima encarnação, ele possa vir em melhores condições.

Não pensemos que uma criança que morre em tenra infância ou um rapaz que enfrenta uma situação precária e terrível estejam sendo castigados por Deus. Deus a ninguém castiga. Nós nos castigamos.

O mesmo ocorre com um pai que está lidando com um filho, criança ainda e lhe diz: “Meu filho, tome cuidado com essa faca, você pode ser cortar! ”

 O filho não leva em consideração a recomendação do pai e sofre um talho no braço, secciona alguns nervos e vasos, num ferimento muito sério. É preciso levá-lo para o hospital. O pai vai abandoná-lo? Vai dizer assim?: “Eu avisei você para não brincar com a faca. Agora você se vire sozinho…”

Absolutamente! O pai o levará ao pronto-socorro e o tratará com muito carinho, com o melhor médico possível, que precisará fazer uma cirurgia para religar os músculos, nervos e vasos que foram cortados. A criança vai sofrer o resultado da sua inconsequência. Ela vai aprender, à custa das próprias lágrimas e sofrimento, que deve tomar cuidado quando mexe com uma faca.

O pai castigou o filho? Não! O filho aprendeu, com o seu erro e consequente sofrimento, que deve tomar cuidado ao lidar com uma faca.

Assim acontece com a justiça divina: nós fomos programados para o bem e para o equilíbrio. Se nós não correspondemos àquilo que deve ser feito, cumprindo as leis divinas, se fazemos as coisas erradas e nos comprometemos no vício e no crime, desajustamo-nos perispiritualmente.  O sofrimento surge como veículo de despertamento, para a gente ver que deve mudar o rumo da vida, sem que isso esteja representando uma justiça punitiva.

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Em matéria, pois, de castigos, depois da morte, reflitamos, sim, na justiça da Lei que determina realmente seja dado a cada um conforme as próprias obras.

Emmanuel