Ir para o Céu

O instinto de conservação é bastante forte no ser humano.

Naturalmente, ele visa preservar ao máximo a existência terrena.

Entretanto, o advento da morte do corpo físico constitui uma certeza inexorável.

A ideia de morrer suscita um certo temor generalizado.

Muitos evitam falar e mesmo pensar nesse tema.

Mas a Espiritualidade Superior costuma estimular reflexões em torno do término da experiência física.

Com frequência, toma-se a morte como um fenômeno renovador e redentor.

Há quem afirme que morrer é descansar.

Em momentos de angústia, muitos dizem desejar a morte para parar de sofrer.

É como se ela automaticamente transformasse a natureza humana.

Nessa linha, ao morrer, todas as mesquinharias e vícios humanos cessariam.

As almas com alguma sorte iriam para o céu, viver de forma beatífica e ociosa.

Ocorre que só se leva da vida a vida que se leva.

Hábitos longamente cultivados compõem a essência do ser e o acompanham aonde quer que vá.

A morte não transforma homens em anjos ou demônios.

Eles persistem qual se construíram ao longo do tempo.

Alguém que não soube construir a própria paz não se pacificará apenas porque cessou a vitalidade de seu corpo de carne.

Almas torturadas de vícios seguem viciosas, enquanto não se depurarem.

Para quem carrega um inferno no peito, trocar de endereço é irrelevante.

Na carne ou fora dela, o Espírito é o mesmo.

Somente suas sensações são mais fortes quando liberto dos grilhões da matéria.

No plano espiritual, a vida moral é muito mais intensa.

O júbilo pela consciência tranquila constitui algo maravilhoso.

Por outro lado, remorsos, ciúmes e desgostos íntimos tornam-se lancinantes.

Os Espíritos realmente se dirigem a alguns locais, após o evento da morte.

Eles se agrupam conforme seu merecimento e suas afinidades de gostos e tendências.

Contudo, o relevante não é o local.

Como o céu e o inferno residem no íntimo do ser, o primordial é pacificar-se e purificar-se.

Para isso, viver de forma honrada constitui o único meio eficaz.

As tormentas da vida não são tragédias e nem castigos.

Elas representam santas oportunidades de redenção.

Nos longos embates, é possível lentamente modificar a própria visão de mundo.

Por entre subidas e descidas, o homem pode compreender sua fragilidade e tornar-se generoso com o próximo.

Ele pode entender a imensa bobagem que é viver ofendido e magoado e valorizar em excesso coisas transitórias.

Assim, não espere morrer para ir para o céu.

Construa um céu em sua consciência e viva nele desde já.

Trata-se do único caminho para a verdadeira felicidade.

Pense nisso.

 

Redação do Momento Espírita.