Hitler – Sombras e Luzes

Sidney Fernandes– 1948@uol.com.br

Uma Nova York repleta de símbolos nazistas, a bandeira americana adornada por uma suástica, a Estátua da Liberdade vestida para comparecer a um comício de Adolf Hitler, saudando-o com o braço direito erguido, em autêntico Heil Hitler…

Esse insólito e provocativo cenário compôs a série americana The Man in the High Castle, inspirada na mente imaginativa do escritor Philip K. Dick, e mostrou o que teria ocorrido se as forças aliadas tivessem perdido a segunda grande guerra mundial.

***

Um dos sinais mais preocupantes para o mundo livre dessa época foi o comportamento do povo alemão. Diante dos desmandos do exército nazista, as pessoas mantiveram-se em suas atividades normais, completamente alheias às mortes e incinerações. Será que o povo alemão pensou que nada tinha a ver com aquele assunto tão desagradável e mórbido?

Outro sinal preocupante foi a aparente proteção das sombras em torno de Adolf Hitler. Parecia que os céus conspiravam em favor do ditador. Aconteceram seguidamente vários atentados contra o führer, que fracassaram em virtude de acasos atribuídos ao clima, à sorte ou à proteção das forças do mal.

***

O que a Doutrina Espírita nos esclarece sobre esse aparente patrocínio das sombras? Assim como o homem de bem conta sempre com espíritos, mais ou menos elevados, que com ele simpatizam, que dedicam afeto e por ele se interessam, os que se desviam para o mau caminho têm junto de si outros que o assistem no mal[1].

Os Espíritos maus farejam as chagas da alma, como as moscas farejam as chagas do corpo. [2]

Adolf Hitler contava com exímios estrategistas desencarnados, de alta envergadura intelectual, jungidos, todavia, à inferioridade moral. Esses correram para auxiliá-lo no mal, prestando-lhe autêntico apoio logístico na arquitetura de seus planejamentos, estratégias e políticas, incensando-o em suas guerras de conquista e domínio.

Devemos destacar, no entanto, o perene acompanhamento da espiritualidade maior, diante de situação tão grave, que pôs em risco a vida de milhões de espíritos encarnados e a própria estabilidade do Planeta Terra.

Descreve-nos André Luiz, em seu livro Nosso Lar, a grande preocupação que tomou conta dos páramos celestes, diante da perspectiva dos fachos incendiários que iriam cercar as nações europeias.

A par das influências das ignorâncias malignas, milhões de encarnados e desencarnados atenderam aos apelos da espiritualidade maior, em busca da reestruturação do planeta, a fim de minimizar os efeitos da hecatombe mundial, que atingiu mansos, inocentes e pacíficos.

Pudemos perceber, amigo leitor, que, se as forças do mal se movimentaram, com muita intensidade, força, energia e determinação, também agilizaram-se as forças do bem, para que as dores fossem amenizadas e a tragédia não se agravasse.

André Luiz, quando em missão de assistência à Europa, demonstrou como a luz da oração, do bem e da verdade puderam superar qualquer ameaça:

A nobre cidade inglesa de Bristol estava sendo sobrevoada por alguns aviões pesados de bombardeio. No seio da noite, porém, destacava-se, à nossa visão espi­ritual, um farol de intensa luz, enquanto as bombas eram arremessadas ao solo. Na descida ao ponto luminoso, verifiquei que estávamos numa igreja. Alguns cristãos corajosos reuniam-se ali e cantavam hinos. Enquanto rebentavam estilhaços lá fora, os discípulos do Evangelho cantavam, unidos, em celestial vibração de fé viva. Conservamo-nos em pé, diante daquelas almas heróicas, que recordavam os primeiros cristãos perseguidos, em sinal de respeito e reconhe­cimento.

***

Os políticos construíram abrigos antiaéreos, mas os homens de bem edificaram abrigos antitrevosos.

[1] Questão 512, de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.

[2] O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec.