Há Vida em Outros Planetas?

Eurípedes Kühl

O escritor Eurípedes Kühl realizou uma intensa pesquisa para falar sobre a vida em outros mundos, sob o ponto de vista do Espiritismo. Ele reuniu os resultados na matéria a seguir, que pode servir de orientação para quem quiser se aprofundar no tema.

Há vida em outros mundos?

Desde que a Astronomia comprovou que a Terra é um planeta a girar em órbita cativa ao Sol, solidariamente com outros planetas, o homem fez a pergunta acima, que muito mais passou a ser repetida quando ficou provado que a quantidade de sóis e planetas é incontável.

Como é a vida em outros mundos, não há um único homem que possa afirmar e comprovar – só devanear, sonhar, ensaiar. Contudo, espíritos mais evoluídos que os terrestres, ao menos, podem informar, mediunicamente.

Isso posto, socorrendo-nos da síntese, passemos às respostas.

O Livro dos Espíritos

Questões 55 a 59:

•Sim! Há vida em todos os globos que se movem no Espaço!;

•Deus povoou de seres vivos os mundos e pensar ao contrário será duvidar de Sua sabedoria [por que o Criador faria coisas (mundos) inúteis?;

•a constituição física dos habitantes difere de mundo a mundo, embora a forma corpórea, em todos os mundos seja a mesma da do homem terrestre, com menor ou maior embelezamento e perfeição, segundo a condição moral dos habitantes;

Questões 172 a 188:

•a existência corporal na Terra é das mais grosseiras e das mais distantes da perfeição;

•as diversas existências físicas do homem podem ser na Terra bem como em outros mundos; o início dessas existências não terá sido aqui, bem como seu término também não o será;

•a multiplicidade de vidas na Terra proporciona uma enorme gama de aprendizados ao Espírito;

•em cada mundo há uma gradação de valores morais dos seus habitantes;

•o conhecimento de detalhes físicos e morais sobre os habitantes de outros mundos perturbaria aos terrestres, daí não lhes ser revelado ainda;

•infância e duração da existência nos mundos superiores à Terra são mais curtas, aquelas, e mais longas, estas, dado que corpos mais sutis têm menos fatores a miná-los;

•o perispírito (corpo que reveste o espírito) é formado de matéria específica de cada mundo, sendo que os espíritos puros têm envoltórios “extremamente” etéreos:

Obs.: disseram os espíritos a Allan Kardec, quanto ao grau de evolução dos habitantes do Sistema Solar:

•Marte: inferior à Terra;

•Júpiter: muito acima de ambos (na coleção da Revista Espírita, muitos espíritos que habitaram na Terra disseram estar em Júpiter);

•Sol: não tem habitantes; contudo, é local de reunião de espíritos superiores.

O Evangelho Segundo o Espiritismo

Cap. III, n° 3 e 4:

•há mundos cujas condições morais dos seus habitantes são inferiores às da Terra; em outros, são da mesma categoria; há mundos mais ou menos superiores e, finalmente, há aqueles nos quais a vida é, por assim dizer, toda espiritual;

•classificação dos mundos (puramente pedagógica) segundo seu estado moral e destinação:

a.mundos primitivos: primeiras encarnações da alma;

b.mundos de expiação e provas: domínio do mal (a Terra é desta classificação);

c.mundos de regeneração: as almas ainda têm o que expiar, mas ali encontram repouso das fadigas;

d.mundos ditosos: predomínio do bem;

e.mundos celestes ou divinos: habitação dos Espíritos depurados; neles, reina exclusivamente o bem.

A Gênese

Cap. XI, n°s 7 a 9:

•desde toda a eternidade Deus criou mundos materiais e seres espirituais, pois se assim não fora tais mundos careceriam de finalidade;

•os seres são criados simples e ignorantes, tendo por final a evolução, rumo à angelitude;

•antes da existência da Terra mundos sem conta haviam sucedido a mundos…

Revista Espírita

Revista Espírita – Março/1858

Marte: vida inferior à da Terra (Obs.: esse registro corrobora a longa “nota de rodapé” inserta na questão n° 188 de O Livro dos Espíritos, de Abril/1857);

Urano: habitantes com moral mais elevada do que a dos terrestres;

Júpiter: o mais avançado dos planetas do Sistema Solar. Seus habitantes:

•corpos de conformação semelhante à terrena, mas de maior leveza;

•deslocam-se roçando ao solo, sem fadiga (como os peixes e as aves);

•na morte, os corpos não são submetidos à decomposição pútrida: dissipam-se;

•alimentam-se de frutas, plantas e emanações nutritivas do meio ambiente;

•expectativa de vida: cerca de 500 anos (quase não há doenças);

•infância: dura apenas alguns dos nossos meses;

•linguagem: quase sempre de espírito a espírito (mas há, também, a linguagem articulada);

•ocupações: puramente intelectuais;

•vidência (segunda vista): permanente, para a maioria dos habitantes;

•animais: mais inteligentes que os animais terrestres, mas sem se aproximar do nosso nível; são encarregados dos trabalhos manuais;

•arquitetura: na Revista Espírita de Agosto/1858, em anexo, foi distribuído detalhado desenho de uma habitação em Júpiter (a casa de Mozart), desenho esse realizado por médium desenhista, muito elogiado por Kardec; entrevistado, mediunicamente, Mozart declarou que tem Cervantes e Zoroastro por vizinhos.

Revista Espírita – Agosto/1862

“O planeta Vênus” é um ditado mediúnico espontâneo, do espírito Georges, o qual comparece em vários números da Revista Espírita. Disse ele sobre Vênus:

•ar: sutil, como o das altas montanhas terrenas; impróprio para os terrestres; mar profundo e calmo; divisões, querelas e guerras são desconhecidas; artes sublimes substituem a indústria terrestre;

•habitantes: semelhantes aos da Terra; têm adoração constante e ativa ao Ser Supremo, sem cultos;

•alimentação: à base de frutas e de lacticínios; ignoram nutrição por carne; não existem doenças;

•expectativa de vida: infinitamente mais longa do que não o é a prova terrestre; a velhice é o apogeu da dignidade humana;

•vestes: uniformes, grandes túnicas brancas.

Perfil Moral

Até aqui, caro leitor, todos os nossos passos foram dados na sólida companhia de Kardec. Redobramos nossa admiração por tão competente quanto amiga companhia. Com imenso respeito a todas as religiões, é-nos inescapável verificar que somente o Espiritismo se debruçou sobre o tema que estamos focando, de tamanha transcendentalidade.

Daquilo que encontramos, tanto nas chamadas “obras básicas do Espiritismo”, quanto na Revista Espírita, podemos inferir que:

1° – Por zelo e prudência, os registros, eventuais análises, reflexões e pareceres mencionados por Kardec foram precedidos de expressões do tipo: “este livro (O Livro dos Espíritos) foi escrito por ordem e mediante ditado de Espíritos superiores…”; “do ensino dado pelos Espíritos…”; “todos os Espíritos afirmam e a razão diz que assim deve ser…”; “antes de entrarmos nos detalhes das revelações que os Espíritos nos fizeram…“; “vamos apresentar as respostas que os Espíritos deram…”; “ideias desenvolvidas nesta obra, algumas delas são pessoais, outras hipotéticas, outras são esboços…”; “essa descrição (dada por um Espírito sobre Vênus), sem dúvida, não tem nenhum dos caracteres de uma autenticidade absoluta, e também não a damos senão a título condicional…”.

2° – Assim, lecionando cautela e sabedoria, Kardec, ao tratar da habitabilidade nos diversos mundos, foi econômico quanto a detalhes da vida material neles, trilhando quase que exclusivamente pelo perfil moral dos seus habitantes.

3° – Imaginamos que é por essa causa que não há especificidade na Codificação do Espiritismo (feita por Kardec) sobre as condições físicas da vida nos diferentes mundos. O que temos ali é sempre o enfoque do comportamento, no bem ou no mal, endereçando cada espírito para um mundo consentâneo com seu histórico vivencial-moral, consubstanciando débito e crédito. Em razão desse patrimônio moral, edificado em multiplicadas existências, o espírito terá passaporte para o mundo cuja vida e habitantes se lhe adequem em sintonia, e onde, por bondade de Deus, lá o aguardam meios e novas oportunidades de crescimento moral.