Graça e Reencarnação

Toda vez em que se aborda o tema da reencarnação, os mais ferrenhos estudiosos dos Evangelhos, que se detêm na forma da mensagem antes que no seu conteúdo, opõem à necessidade do nascer de novo na carne, a que se referiu Jesus, a concessão da “graça”, como mecanismo de salvação, em decorrência da divina misericórdia do Pai.
A salvação pela graça, sem dúvida, constitui uma dádiva arbitrária, que viola as leis do equilíbrio universal, a uns beneficiando, em detrimento de outros, em flagrante injustiça por parte do Soberano Criador.
Igualmente, o conceito apresentado, em referência ao “ao sangue de Cristo” salvando as criaturas, deve ser entendido como a lição preciosa que o Mestre nos deu, demonstrando que, mesmo Ele, sendo puro, não se furtou ao holocausto da própria vida, num extremo ato de amor, a fim de que nos não evadamos à doação plena e total, quando chegado o momento do sacrifício pessoal.
Ensejar-se a um endividado revel a oportunidade de resgatar os débitos, constitui-lhe uma graça.
Conceder-se, ao trânsfuga do dever, o ensejo de reabilitação, torna-se para ele uma graça imerecida.
Facultar-se, ao enfermo, recursos de renovação e saúde é-lhe uma graça auspiciosa.
Proporcionar-lhe, ao delinqüente, o afastamento da sociedade, a reeducação e o retorno à comunidade, torna-se-lhe uma graça bendita.
Agraciar-se, porém, o agressor esquecendo-lhe a vítima é um ato de injustiça.
Liberar-se o algoz, sem facultar o mesmo a quem lhe padeceu a perversidade, faz-se uma forma de estimular o crime.
O amor e a justiça cooperam em favor da reabilitação do devedor, que libera a consciência da engrenagem do erro, encontrando a felicidade anelada.
O amor verdadeiro não beneficia uns, olvidando outros.
“Nenhuma das ovelhas que o Pai me confiou se perderá” – disse Jesus. Isto equivale a afirmar que todos se salvarão mediante as conquistas realizadas durante as sucessivas existências.
A reencarnação é a graça que o Pai concede aos que se comprazem no erro e na delinqüência, a fim de desfrutarem a salvação, essa conquista que nos cumpre lograr a esforço próprio e com sacrifício pessoal.
A vida é única, no seu processo de crescimento e perfeição, em que o berço e o túmulo representam portas de entrada e de saída para cada existência física.
A carne nasce, morre e renasce inúmeras vezes, inclusive numa mesma existência corporal, mas a vida não cessa nunca.
Utiliza-te, portanto, da concessão feliz dos renascimentos físicos, a fim de cresceres em direção ao bem e à liberdade que o Mestre te acena, enquanto te aguarda, reabilitando-te dos erros cometidos, evitando incidir em outros e edificando-te no bem para o bem de todos.
Livro: Oferenda – pelo espírito Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco