Eutanásia na Visão Espírita

Todo ato que abrevia a vida no corpo físico é contrário aos Códigos Divinos.

A vida pertence a Deus e somente Ele pode retirá-la.

Vejamos a questão 953 de O Livro dos Espíritos:

Questão 953- Quando uma pessoa vê diante de si um fim inevitável e horrível, será culpada se abreviar de alguns instantes os seus sofrimentos, apressando voluntariamente sua morte?

“É sempre culpado aquele que não aguarda o termo que Deus lhe marcou para a existência. E quem poderá estar certo de que, malgrado às aparências, esse termo tenha chegado; de que um socorro inesperado não venha no último momento?”

Algumas pessoas argumentam que o médico (com ou sem anuência dos familiares) tem o dever de aliviar o sofrimento do doente quando o mal não tem cura, proporcionando uma morte “calma e tranquila” ao moribundo.

Do ponto de vista espiritual, podemos fazer as seguintes considerações:

1- Compete a Deus, Senhor de nossos destinos, promover nosso retorno à Espiritualidade. Na Tábua dos Dez Mandamentos, recebida por Moisés no Monte Sinai, onde estão os fundamentos da justiça humana, há a recomendação inequívoca: “Não matarás”.

2- Ninguém pode afirmar com absoluta segurança que um paciente está irremediavelmente condenado. A literatura médica é pródiga em exemplos de pacientes em estado desesperador que se recuperam.

3- A Eutanásia interrompe a depuração do Espírito, uma vez que antecipa sua partida, provocando a desencarnação.

4- De acordo com o Espírito André Luiz, impõe ao desencarnado sérias dificuldades no retorno ao Plano Espiritual.

Os familiares, muitas vezes, tomam essa decisão basicamente por dois motivos. Primeiro, porque não suportam ver o sofrimento do ente querido que se encontra num estado irreversível. Tomando conhecimento que não existe a menor possibilidade de recuperação, pensam que a melhor solução seja a de abreviar sua vida aqui na Terra, consequentemente seu sofrimento.

Mas sejamos francos: existem aqueles familiares que, no fundo, apenas desejam ver-se livres do trabalho deles mesmos, por conta de semanas, meses, visitando o doente no hospital. Além disso, se existe uma chance (um verdadeiro “milagre”) do doente se recuperar, quantos problemas e dificuldades adviriam daí para cuidar de um ser que talvez levasse uma vida vegetativa se saísse do Hospital?

André Luiz, no seu livro “Obreiros da Vida Eterna”, relata a eutanásia a que foi submetido um trabalhador da seara espírita chamado Cavalcante. O médico, aproveitando a inconsciência do moribundo e sem autorização dos familiares, aplicou-lhe uma dose letal de anestésico.

O períspirito de Cavalcante também é alcançado pelo medicamento e Cavalcante-Espírito vê-se atordoado, incapaz de qualquer atitude.

Em face do ocorrido, o desprendimento do desencarnante só pôde ocorrer após 20 horas do previsto pelos espíritos amigos.

Ainda assim, Cavalcante não se retirou em condições favoráveis e animadoras. Apático, sonolento, desmemoriado, foi recolhido num departamento espiritual, demonstrando necessitar de maiores cuidados.

Além disso, não podemos nos esquecer que, muitas vezes, é o próprio doente que, antes de reencarnar, solicitou uma morte nesses moldes. Isto é, aquele tempo em estado físico irreversível – coma, por exemplo – estava previsto para acontecer para o próprio bem do paciente, espiritualmente falando.

Aplicada desde as culturas mais antigas, a eutanásia, longe de situar?se por “morte feliz” é uma solução infeliz para o paciente, além de se constituir em lamentável desrespeito aos desígnios de Deus.

Fernando Rossit

Bibliografia de apoio:

1-Obreiros da Vida Eterna – André Luiz/Chico Xavier

2-Richard Simonetti – “Quem tem medo da Morte?”

3-O Livro dos Espíritos – Allan Kardec, questão 953