Doenças Reais ou Imaginárias?

Sidney Fernandes

O vertiginoso avanço da medicina, do início do século XX até o presente momento, vem permitindo a descoberta inédita de causas específicas de doenças outrora incuráveis, surgimento de novos medicamentos, exames, terapias, aparelhos e técnicas cirúrgicas.

Estudos profundos vão permitir que cientistas, a partir do Prêmio Nobel de Química de 2020, passem a desenvolver um método para a edição do genoma humano, com uma das ferramentas mais afiadas da tecnologia genética: a tesoura genética CRISPR-Cas9.

A par desses progressos, no entanto, remanesce o mistério que envolve as chamadas doenças sem lesão, também denominadas idiopáticas, que se caracterizam por queixas persistentes e sintomas, sem que o médico encontre qualquer agente que as justifique.

Se a ciência oficial não consegue explicações convincentes, a filosofia espírita procura trazer novas luzes para esses enigmas, por intermédio de seus fundamentos básicos, que tratam, dentre outros temas, dos compromissos morais assumidos em vidas pregressas e os consequentes efeitos deles decorrentes.

A culpa de erros passados não torna a pessoa vulnerável somente a doenças de etiologia obscura. Sua fragilidade valerá também, infelizmente, em relação a indivíduos que prejudicou, não perdoaram e que resolveram fazer justiça com as próprias mãos.

Estamos falando de vítimas que se tornaram obsessoras assim que tomaram consciência de que morreram e foram prejudicadas e partiram como ferozes perseguidores em busca de sua presa.

Evidentemente, além dos distúrbios do passado, temos que cogitar de descuidos do presente. Somente deveremos falar em causas do pretérito, quando não encontrarmos causas do presente como vícios, excessos alimentares, ausência de cuidados com o corpo, negligências e imprudências, que poderão causar sérios estragos à saúde e à incolumidade física.

Bem, amigo leitor, até aqui cogitamos de causas físicas e causas espirituais para o surgimento de doenças, ou de ambas, concomitantes, com os mesmos sintomas, embora sejam distintas.

Indagamos agora: e se nenhuma dessas causas existiu? Poderá ainda acontecer a enfermidade?

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Carlos de Brito Imbassahy registrou, em seu livro Quando os fantasmas se divertem, um curioso caso narrado pelo Doutor Aloysio de Sá.

Apareceu, em seu consultório, uma senhorinha com todos os sintomas de gravidez. Feitos todos os exames, constatou-se a negatividade do diagnóstico. Acrescia-se, ainda, o fato de que a moça era casta, isto é, jamais havia mantido relação sexual com quer que fosse.

Os sinais da gestação, no entanto, continuaram, com o registro da presença de um corpo em desenvolvimento uterino, com prognóstico negativo para características de tumor.

No sexto mês de gravidez, o suposto feto começou a dissolver-se, acabando por ser absorvido totalmente pelo organismo da jovem.

O médico psiquiatra esclareceu o mistério. O noivo da moça havia partido em missão militar. No dia da viagem, lamentaram o casamento adiado e se despediram, sem terem praticado a conjunção carnal.

Mal informada, a pobre moça atribuiu às carícias do momento da separação causas para uma gravidez psicológica. O trauma do afastamento fez o resto e ela julgou-se prenhe.

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Temos aí, caro leitor, mais um elemento a ser considerado na análise das causas das doenças. A indução do pensamento desequilibrado, alimentado por equivocada ação mental, pode provocar doenças ao espírito do homem.

É preciso considerar mais um aspecto. Quando adoecemos mentalmente, exalamos uma espécie de odor que atrai espíritos da mesma faixa negativa de vibrações em que permanecemos. Em outras palavras, nossas idiossincrasias podem provocar a aproximação de almas doentes, não necessariamente más, mas que se comprazem com a nossa companhia.

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Finalmente, precisamos ouvir a orientação de André Luiz, contida em seu livro Evolução em dois mundos, sobre o relato que acabamos de descrever.

Em todos os casos em que há formação fetal, sem que haja a presença de entidade reencarnante, o fenômeno obedece aos moldes mentais maternos. Em contrário, há, por exemplo, os casos em que a mulher, por recusa deliberada à gravidez de que já se acha possuída, expulsa a entidade reencarnante nas primeiras semanas de gestação, desarticulando os processos celulares da constituição fetal e adquirindo, por semelhante atitude, constrangedora dívida ante o destino.

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A medicina do futuro será preventiva em relação às causas das doenças, sejam elas de ordem material, espiritual ou emocional. Nosso comportamento plasma a saúde ou a doença. Uma ou outra surgirá, dependendo de nossas atitudes positivas ou negativas.

Talvez ninguém mais do que os médicos se surpreenda com os inúmeros casos de doenças de origem aparentemente inexplicável, com as diferenças físicas e intelectuais das crianças que nascem por suas mãos, ou, ainda, com o comportamento e a evolução dos vários tipos de pacientes por eles tratados.

A verdadeira cura, a que cuida das reais causas das enfermidades, reside nas chagas das nossas almas. Quando médicos e pacientes tiverem essa consciência, o bem-estar será a condição permanente da vida do homem.