CRER DEMAIS OU CRER DE MENOS? – primeira parte – Sidney Fernandes

CRER DEMAIS OU CRER DE MENOS? – 1ª. parte

Sidney Fernandes

1948@uol.com.br

         Com o tempo, quem se familiariza com a Doutrina Espírita começa a achar que a simples convivência com as revelações das verdades além da vida nos habilita a até desejar a morte. Não estou falando de suicídio, mas da equivocada conclusão de que as mazelas terrestres estão ficando tão graves, que o lado de lá pode ser muito melhor.

Irmão Jacó, no livro Voltei, achava que tudo lhe parecia muito simples. Após o desencarne, seu Espírito estaria liberto para prosseguir sua viagem evolutiva, para mundos felizes ou, de volta, em nova encarnação na Terra.

Não contava ele com o fato de que, mesmo com o extraordinário apoio logístico que nos presta o Espiritismo, ainda assim não temos a exata ideia do que seja a realidade, além-túmulo.

Narra-nos ainda, o autor de Voltei, que a morte nos reconduz à intimidade do lar interior. E se não tivemos o cuidado de guardar ali as determinações divinas, gastaremos muito tempo na limpeza, no reajustamento e na iluminação, em longa introspecção.

Encerra o bondoso Jacó, que se prestou a nos trazer precioso aviso-prévio, para que não incorramos em seus mesmos enganos, quando chegar a nossa hora, como verdadeiro atalaia, agora em privilegiada posição espiritual, incisivamente:

Não se acreditem quitados com a Lei, por haverem atendido a pequeninos deveres de solidariedade humana, nem se suponham habilitados ao paraíso, por receberem a manifesta proteção de um amigo espiritual!  Espiritismo não é somente a graça recebida, é também a necessidade de nos espiritualizarmos para as esferas superiores. Guardem a certeza de que o Evangelho de Nosso Senhor Jesus-Cristo não é apenas um conjunto brilhante de ensinamentos sublimes para ser comentado em nossas doutrinações – é Código da Sabedoria Celestial, cujos dispositivos não podemos confundir.

***

Por outro lado, se podemos enveredar por irremediáveis enganos por crermos demais, há os que agem como se fossem eternos, pisando sobre desarvorados e carentes para alcançar seus objetivos a qualquer preço, ressuscitando a sanha materialista do século XIX, por crerem de menos.

A ideia do inferno, com as suas fornalhas ardentes, com as suas caldeiras a ferver, pôde ser tolerada, isto é, perdoável num século de ferro; porém, nos tempos atuais, não passa de vão fantasma, próprio, quando muito, para amedrontar criancinhas e em que estas, crescendo um pouco, logo deixam de crer. Se persistirdes nessa mitologia aterradora, engendrareis a incredulidade, mãe de toda a desorganização social.

Paulo, o apóstolo, O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec

***

Tanto para nós:

— que já nos julgamos salvos — porque ostentamos o crachá, o galardão ou salvo-conduto, ou qualquer outro título preferido pelo amigo leitor, recebido a título de reconhecimento pelos serviços prestados durante a presente existência;

— como para os que não estão nem aí para o futuro depois da morte, somente preocupados com o aqui e agora, assumindo postura eminentemente materialista;

Julgamos útil apresentar oportuno testemunho de privilegiado observador da espiritualidade que, a exemplo de Irmão Jacó, nos traz seu alerta.

Dirá o amigo leitor que se trata de mais uma psicografia dos carolas do além, falando o mesmo de sempre, querendo nos converter para o bem.

Aos incrédulos ou impenitentes de plantão, poderíamos parafrasear, com Allan Kardec, em O Espiritismo em sua expressão mais simples:

Uma coisa, é ter um vago pensamento, dissimulado na incerteza e, outra, bem diferente, é a explicação lógica, o conhecimento completo da natureza dos Espíritos e a revelação segura do futuro do homem que o Espiritismo traz com fatos, testemunhos irrecusáveis e o verdadeiro sentido de verdades mal interpretadas.

– continua na 2ª parte –

 

 

Originally posted 2016-11-16 09:27:10.