Como é Casamento Espírita?

Não existe casamento espírita.

Você poderá alegar:

– Mas eu já presenciei casamento espírita. Um casal de amigos espíritas se casaram numa cerimônia diferente. Um diretor do centro espírita fez uma prece lindíssima, por sinal.

Vamos entender bem as coisas. Nenhum centro espírita ou sociedade verdadeiramente espírita (que segue os postulados da Doutrina Espírita) realiza casamentos, pois no Espiritismo não existem sacramentos, rituais, dogmas ou mesmo cerimônias.

No entanto, como o casamento no civil quase sempre é seguido de uma festa onde se encontram familiares e amigos, alguns casais espíritas aproveitam a ocasião para fazer uma prece, por exemplo, a fim de que selar esse importante momento para ambos juntos de pessoas queridas.

Nesse caso, podemos dizer que existe apenas o casamento civil, mas não uma cerimônia espírita.

Porque o verdadeiro casamento é de alma para alma e não depende de formalidade alguma.

Há pessoas muito felizes unidas há décadas que nunca se casaram formalmente nem sequer no civil. Depende da escolha daqueles que se unem.

Fique claro: isso sempre dependerá da vontade dos futuros cônjuges. A Doutrina Espírita não impõe nada, não proíbe nada.

O que poderá ocorrer é mais ou menos o seguinte (mas não vamos dar o nome de casamento espírita, certo?):

No local escolhido para realizar a cerimônia civil, uma prece poderá ser feita por um familiar dos noivos (não é preciso convidar um diretor de centro, um orador espírita, um médium etc.), até porque sabemos que muitos amigos espirituais também estarão presentes.

O casamento poderá ser simples, sem exageros, excessos e desperdícios. Deve haver intensa participação espiritual dos noivos, dos familiares e convidados, assim como há dos amigos desencarnados.

Os noivos espíritas devem saber como se casar perante a sociedade e a espiritualidade, respeitando as convicções dos familiares “não espíritas”, mas procurando fazer prevalecer as suas. Afinal de contas, é você que está se casando.

Mas, antes de terminar, digo o seguinte: faça do seu jeito, o casamento é seu. Seja feliz!

Se você quiser usar roupa de noiva, plumas e paetês, aproveite!

Só não poderá dizer que seu casamento foi espírita, certo?

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Vejamos como foi o casamento de Mário e Antonina, que se encontra no livro Entre Terra e o Céu, narrado por André Luiz e psicografado por Chico Xavier:

“Mário e a viúva esperavam efetuar o matrimônio em breves dias. Visitamos o futuro casal, diversas vezes, antes do enlace que todos nós aguardávamos, contentes.

“Amaro e Zulmira, reconhecidos aos gestos de amizade e carinho que recebiam constantemente dos noivos, ofereceram o lar para a cerimônia que, no dia marcado, se realizou com o ato civil, na mais acentuada simplicidade.

“Muitos companheiros de nosso plano acorreram à residência do ferroviário, inclusive as freiras desencarnadas que consagravam ao enfermeiro particular estima. A casa de Zulmira, enfeitada de rosas, regurgitava de gente amiga.

“A felicidade transparecia de todos os semblantes. À noite, na casinha singela de Antonina, reuniram-se quase todos os convidados novamente.

“Os recém-casados queriam orar, em companhia dos laços afetivos, agradecendo ao Senhor a ventura daquele dia inolvidável. O telheiro humilde jazia repleto de entidades afetuosas e iluminadas, inspirando entusiasmo e esperança, júbilo e paz. Quem pudesse ver o pequeno lar, em toda a sua expressão de espiritualidade superior, afirmaria estar contemplando um risonho pombal de alegria e de luz.

“Na salinha estreita e lotada, um velho tio da noiva levantou-se e dispôs-se à oração. Clarêncio abeirou-se dele e afagou-lhe a cabeça que os anos haviam encanecido, e seus engelhados lábios, no abençoado calor da inspiração com que o nosso orientador lhe envolvia a alma, pronunciaram comovente rogativa a Jesus, suplicando-lhe que os auxiliasse a todos na obediência aos seus divinos desígnios.”

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Então, o espírita, que estuda e busca entender a doutrina dos espíritos, sabe que a orientação é começarmos a nos desvencilhar da materialidade. O empenho maior não deve ser com a cerimônia, mas sim com os compromissos conjugais do dia-a-dia, o respeito com o cônjuge, a atenção, a amizade, as demonstrações de amor, a responsabilidade de ambos com a educação dos filhos que Deus os confiar.

Quando entendermos que Deus abençoa toda união, com ou sem cerimônia religiosa, nossa preocupação será convidar Jesus para viver em nosso lar.

Fernando Rossit

Fontes de apoio:

-grupoallankardec.blogspot.com/2010/05/maio-e-o-mes-das-noivas.html