Carma ou Sarna?

Sidney Fernandes – 1948@uol.com.br

Procurar sarna para se coçar! Desculpem-me, caros leitores, se volto a usar essa expressão popular, mas não encontrei outra que se encaixasse tão perfeitamente para definir as atitudes do homem não satisfeito com os males inevitáveis da vida e que arranja novas dores, por conta própria.

É bem verdade que há problemas, expiações e provações, cujas causas não podem ser encontradas nesta vida e que deverão ser debitados a vidas anteriores.

Em serviço na espiritualidade, André Luiz descreve, em Ação e Reação, o encontro com entidade de aspecto monstruoso e perturbação do corpo perispirítico, provavelmente provocada por vingadores perversos.

O mentor de André Luiz apôs sua mão direita sobre o desventurado, que começou a falar:

Depois da morte de meu pai, concluí que somente poderia ser dono exclusivo da propriedade e realizar meus planos com a morte de meus irmãos. Dei-lhes licor entorpecente e simulei acidente com um barco. Foi assim que me apossei da fazenda inteira. Nunca pude ser feliz, pois os fantasmas de minhas vítimas se transformaram em vingadores que me prenderam ao pesadelo em que me encontro.

Muito tempo mais tarde a entidade recolhida voltou à vida física para restituir os bens de que havia se apossado aos seus irmãos, estes agora na condição de seus filhos amados. A lei de causa e efeito agira no caminho da redenção de todos os personagens envolvidos naquele infausto drama.

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No entanto, muitos males desta vida não são inevitáveis e ocorrem por culpa do próprio homem e então surgem as tais sarnas provocadas por nós mesmos. Essas tribulações são muito mais intensas e numerosas do que aquelas que se originam do passado ou de perturbações espirituais e poderemos ficar isentos delas se mudarmos o nosso modo de proceder.

Ainda aqui, amigo leitor, manifesta-se a misericórdia divina, conforme anotado por André Luiz, em sua monumental obra Ação e Reação:

Podemos melhorar nossos créditos, todos os dias. Quantos romeiros terrenos, em cujos mapas de viagem constam surpresas terríveis, são amparados devidamente para que a morte forçada não lhes assalte o corpo, em razão dos atos louváveis a que se afeiçoam!… Quantas intercessões da prece ardente conquistam moratórias oportunas para pessoas cujo passo já resvala no cairel do sepulcro?!…

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Carma ou sarna? Nossas dores são inevitáveis porque se originam de situações cármicas por males que perpetramos em passado remoto? Ou a maior parte delas é decorrente do que estamos fazendo agora, na presente vida?

Sejam quais forem as circunstâncias, ainda que concomitantes, sempre nos será possível minimizar ou até anular as amarguras e superar os arrependimentos.

Quando nos apegamos a Deus, à justiça e à verdade, podemos fazer uso da extraordinária moeda do amor, que potencializa nossas forças e viabiliza a moratória divina, com as bênçãos da Vida Superior.