Ausência dos Pais

Cresce o número de jovens que se automutilam e resvalam no suicídio devido a delicados conflitos emocionais e espirituais.

Em uma sociedade em que as cobranças se acentuam, para que os jovens possam atender ao que a maioria entende ser a felicidade, essa tem sido a consequência.

Muitos jovens não conseguem se adequar aos modelos comportamentais que a mídia apresenta.

A competitividade extrema, a ausência dos pais, a falta de religiosidade no comportamento evidenciam a ausência de referências e valores que ajudem a nortear o equilíbrio juvenil.

Nesse quadro de graves dificuldades, a realidade espiritual e sua influência na vida dos jovens são esquecidas e processos obsessivos de delicada complexidade se instalam no psiquismo dos adolescentes.

Na correria da vida, os pais alegam falta de tempo para estarem com os filhos e, quando chegam em casa, o cansaço se revela e a qualidade do convívio fica comprometida.

Por outro lado, os filhos passam a maior parte do tempo na escola e conectados à vida virtual, que aos poucos assume caráter de uma vida real.

Tudo isso contribui para o afrouxamento dos laços familiares e aquele porto seguro, que sempre foi a família, se torna continente hostil onde escasseia o diálogo e as pessoas se tornam estranhas umas às outras.

Dentro desse contexto, instalam-se processos obsessivos com relativa facilidade, já que todos são espíritos e tem suas biografias reencarnatórias, nem sempre as mais felizes.

E então o flagelo da automutilação e do suicídio ronda as estruturas familiares e, quando a dor se abate na intimidade do lar, as pessoas se indagam onde elas estavam antes da tragédia.

A educação de crianças e jovens não pode ser terceirizada, pois existem valores éticos morais que apenas a família pode ofertar.

Os pais ainda continuam a ser os grandes heróis, até que eles mesmos destruam essa imagem.

É necessário refletir que não educamos corpos, mas espíritos imortais.

Educar com consciência espírita é ter a exata noção de que o processo educativo é uma via de duas mãos, onde ensinamos e aprendemos.

É urgente que prestemos atenção nos nossos filhos e isso só é possível através da convivência. Nesses tempos de relacionamentos instantâneos, necessitamos parar de falar com nossos filhos e passar a conversar com eles.

Quem não conversa não conhece seu interlocutor e, infelizmente, muitos pais não conhecem os próprios filhos. Prover não significa conviver e os jovens precisam da presença dos pais.

Fonte: Correio Espírita