Não nos iludamos

Facilmente observável é o fato de que os trabalhos desenvolvidos pelos Centros Espíritas no campo da cura dos males físicos têm procura mais acentuada que a busca pelos estudos, e até mesmo pelas palestras públicas que os Centros desenvolvem.

Isso acontece porque a nossa tendência maior ainda é buscar o socorro imediato, para recuperarmos a sensação de bem estar produzida pelo corpo físico.

Porém, é preciso dilatar nosso entendimento a respeito do assunto.

O corpo físico é benefício Divino concedido para a evolução do Espírito imortal, para que este consiga alcançar a perfeição, e traduz, em sua estrutura funcional a somatória de vários fatores, quais sejam, as provas e expiações inclusas no planejamento reencarnatório, e quando encarnado, o comportamento vicioso, seja mental, seja físico, ou ainda o desequilíbrio emocional de grande monta.

No Evangelho do Senhor Jesus  podemos observar a quantidade de doentes do corpo que O procuravam, e que após serem curados de seus males, em sua maioria, nem mesmo agradeciam a benção conseguida.

Também no Evangelho encontramos, tanto na passagem em que Jesus cura um jovem cego de nascença (1), quanto na do paralítico no Tanque de Betesda (2), a informação de que os erros morais cometidos pelo Espírito são revertidos em problemáticas debilitantes fisiológicas.

Mais modernamente, nas lições que o Consolador prometido por Jesus nos traz, o Benfeitor André Luiz esclarece:

“Toda queda moral nos seres responsáveis opera certa lesão no hemisfério psicossomático ou perispírito, a refletir-se em desarmonia no hemisfério somático ou veículo carnal, provocando determinada causa de sofrimento.” (3)

A imaturidade espiritual mantém o Espírito preso ao imediatismo terreno, atrelando-o a círculo vicioso de ações e reações negativas devido à ignorância sobre sua natureza e finalidade da vida física, fazendo-o agir sem pensar nas consequências para si mesmo ou para outrem.

Somente o esclarecimento espiritual e a consequente renovação moral permitirão que se adoeça menos, e em menor intensidade, em função da eliminação dos erros mentais e comportamentais e da aplicação da Lei de Amor nos menores atos da vida.

É evidente que podemos buscar soluções espirituais para nossas enfermidades, mas não nos iludamos, também é evidente que devemos nos esforçar para dilatar o entendimento de que a causa de nossos sofrimentos, sejam físicos ou espirituais, iniciam-se sempre na consciência do ser pensante que somos, já em nível de responsabilidade bastante acentuada pelo conhecimento que temos.

Os Benfeitores Espirituais, conquanto praticantes ativos da caridade, também têm seus afazeres pessoais, e se nós outros nos tornarmos “clientes de carteirinha” deles, mais não estaremos fazendo do que sobrecarregá-los desnecessariamente, o que, por si só, é falta de caridade de nossa parte para com eles.

Pensemos nisso.

Antônio Carlos Navarro

Jesus curando

Referências:
(1) João 9:1-41;
(2) João 5:1-15;
(3) Evolução em dois mundos, cap. 35, Francisco C. Xavier/André Luiz.

Nota do Editor:
Imagem ilustrativa em destaque disponível em
<https://tiopacofranjaoli.blogspot.com.br/2015/06/evangelio-de-hoy-viernes-xii-del-tiempo.html#.V4TVb9QrLb0>.
Acesso em: 12JUL2016.

Originally posted 2016-07-14 22:59:29.